domingo, 30 de outubro de 2011

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DO "SÍTIO JOÃO DIAS".

              No  contexto  dos  tipos  de  povoamento  rural, o  "Sítio  JOÃO  DIAS"  está  inserido  na  modalidade  denominada  de  FAZENDA  ISOLADA.  Na  vastidão  territorial  do  famoso  e  fértil  VALE  DO  APODI, está  localizado  na  região  Sul. O  primeiro  proprietário  destas  terras  foi  o  Sr.  JOÃO  DIAS  GONÇALVES, natural  de  Natal, onde  nasceu  a  21  de  Agosto  de  1676.  Em um dos  livros  de registro das  famosas  "DATAS  DE  SESMARIAS  DO  RN", consta  a  concessão  feita  ao  João  Dias, feita  no  dia  26 de  Julho  de  1706, dando-lhe terras medindo  três  léguas  de  comprimento   por  uma  de  largura, situadas entre  os  rios  Apodi  e Umari. Foi  um dos  muitos privilegiados  no  favorecimento  das  doações  de  terras, posto  que,  antes  de  ganhar  a  concessão  destas  terras  Apodienses, já  havia  recebido outra  doação  em  13  de  Junho  de  1706, na  mesma  medida  de  três  léguas  de  comprimento  por  uma  de  largura, localizadas  entre as  tribos  de  índios  tapuias  paiacus  e  canindés, da  nação  indígena  Janduís  ou  Janduins.  Nestas  terras  encontra-se  encravado  o  atual  município  e  cidade  de  nome  JOÃO  DIAS. Vê-se, pois, que  JOÃO DIAS  assumia  a condição de  autêntico  latifundiário, com  a  posse  e  domínio  de  seis  léguas de  terras, situadas  entre  rios, fator  principal  para  a  fixação  do  povoador  inicial - o  conhecido  HIDROTROPISMO.  Analisando-se  a  cronologia  das  concessões  do  sesmeiro  JOÃO  DIAS, constata-se  que  da  primeira  concessão  para  a  segunda, que é  a  das  terras  do  SÍTIO  JOÃO  DIAS, passaram-se  apenas  um  mês  e  dez  dias.
Diante  a  constatação de  que  o  sesmeiro  JOÃO  DIAS  optou  em  povoar  as  terras  do  atual  município  e  cidade  de  João  Dias, e  da  inexistência de  descendentes  seus  nas  terras  que  lhe  foram  doadas  em  Apodi, restam  as  seguintes  perguntas: Teria  João  Dias  abandonado  suas  terras  no  Apodi ?   Teria  vendido as  mesmas ?  Teria  deixado  algum  vaqueiro  seu  como  preposto, "tomando de contas"  das  ditas  terras ?  Teriam  os  índios  forçado  a  debandada  do  João  Dias ? Estas  dúvidas  conduzem  a  certeza  da  necessidade  de  se  efetuar uma  minuciosa  pesquisa  no arquivo morto  do  1°  Cartório  de  Apodi, principalmente  no  livro de registro  das  escrituras  dos  sítios  e  fazendas  do  Apodi.  A  última  hipótese  está  praticamente  descartada, dado  o  perfil  comportamental  do  mesmo, tido  como "Um  homem  dotado  de  larga  experiência  e  vasto  conhecimento  das  caatingas  da  região  Oeste  potiguar.  Destemido  como  desbravador  sertanejo. Era  mateiro, caçador, rastejador, manejador  de  facão. Foi  fundador  de várias  posses, atirador  de  bacamarte, homem  forte  e  insubistituível   de  uma  coragem  sem  par". O  certo  é  que deixou  seu  nome  imortalizado  como  referencial  toponímico  em  Apodi, e como  patrono  do  município  e  cidade  de  João  Dias-RN, município  encravado  na  mesorregião  do  Oeste  potiguar, criado  em  19 de Agosto  de  1963, desmembrado  do  município  de  Alexandria.
Em  uma  das  inúmeras  pesquisas  efetuadas  nos  antigos  inventários  do  arquivo  morto  do  1º  Cartório  Judiciário  de  Apodi  encontrei  o inventário de  um  dos primeiros  proprietários  deste  sítio, na pessoa  do  Sr. Antonio  Ferreira  de  Azevedo, falecido  no  dia  10  de  Abril  de  1832, deixando  a  viúva  Senhorinha  Lucas  de  Jesus  e  o  filho  João  Ferreira  de  Vasconcelos, nascido  no  ano  de  1819.  Em pesquisa  de  campo,  constatei  que  a  maioria  das  terras  do  "Sítio  João  Dias"  pertencem atualmente  às famílias  PEREIRA  DA  COSTA  e  PEREIRA  GURGEL.  Segundo  o  Sr. Joel  Pereira  do  Amaral, nascido   neste  sítio, e  residente  na  cidade  de  Apodi, à  rua  Marechal  Floriano, o  seu  falecido  genitor  comentava  que  este  João  Dias  não  havia  deixado  descendentes  como  proprietários  destas  terras.
O  bravo Entradista  e  sesmeiro  JOÃO  DIAS   GONÇALVES  faleceu  no  ano  de  1767  aos  81 anos  de  idade.   Encetarei mais  pesquisas  para  seguir  as  pegadas  históricas  deste  emblemático  sertanejo  de  fibra  e  de  arrojo.




Por Marcos Pinto.



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