segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

CÉDULAS DO BRASIL (Do Mil Réis ao Real)

O Cruzeiro foi criado dia 5 de Outubro de 1942, mas só passou a valer como unidade monetária a partir da meia-noite do dia 31 de Outubro de 1942. Ele substituiu o padrão Mil-Réis, que causava problemas por ter divisão milesimal. Outro objetivo dessa mudança foi unificar o meio circulante, já que na época existiam 56 tipos diferentes de cédulas, sendo 35 do tesouro nacional, 14 do Banco do Brasil e 7 da extinta Caixa de Estabilização. Foram usadas aproximadamente 8 notas do padrão Mil-Réis, carimbadas para o novo valor.
 1$000 = Cr$ 1,00
Cruzeiro Novo foi implantado no dia 13 de fevereiro de 1967. Cruzeiro, padrão monetário desde 1942, perdia três zeros e se transformava em Cruzeiro Novo. O Cruzeiro Novo foi o único padrão monetário que não teve cédulas próprias.

Banco Central reaproveitou cédulas do 
Cruzeiro, carimbando-as para o Cruzeiro Novo. O carimbo utilizado era formado por 2 círculos concêntricos, com o valor expresso no centro e as palavras BANCO CENTRAL e CENTAVOS ou CRUZEIROS NOVOS no espaço entre os círculos.
Cr$ 1.000  =NCr$ 1,00  
Cruzeiro substituiu o Cruzeiro Novo em 15 de Maio de 1970, sendo que um Cruzeirovalia um Cruzeiro Novo. Durou até 27 de fevereiro de 1986. NCr$ 1,00 = Cr$ 1,00
O Cruzado é proveniente do Plano Cruzado, implantado pelo governo Sarney. O Plano tinha como objetivo combater a inflação e aumentar o poder aquisitivo da população. A partir do dia 28 de Fevereiro de 1986, mil cruzeiros passaram a valer um cruzado. 
Para implantar o Cruzado o governo aproveitou as cédulas de 10 mil, 50 mil e 100 mil
cruzeiros, carimbando-as para o novo padrão. O Carimbo era circular com as palavras "Banco Central do Brasil" e "Cruzado", com o valor no centro.Cr$ 1.000 = Cz$ 1,00
Cruzado Novo entrou em circulação no dia 15 de janeiro de 1989, na segunda reforma monetária do presidente José Sarney. A nova moeda substituía o Cruzado, sendo que um Cruzado Novo valia 1000 Cruzados.

Foram aproveitadas as cédulas de mil, 5 mil e 10 mil 
Cruzados, que receberam um carimbo para o novo padrão monetário. O carimbo adotado era um triangulo com as palavras "cruzado novo" em duas linhas próximas à base do triângulo. Cz$ 1.000,00 = NCz$ 1,00
O Cruzeiro foi reintroduzido como padrão monetário em substituição ao "Cruzado Novo", como parte do "Plano Collor", sem ocorrer a perda de três zeros.
 NCz$ 1,00 = Cr$ 1,00
O Cruzeiro Real foi implantado no 1o de Agosto de 1993, substituindo o Cruzeiro, por excesso de zeros. Foram aproveitadas as notas de 50 mil, 100 mil e 500 mil Cruzeiros, devidamente carimbadas para o novo padrão.Cr$ 1.000,00 = CR$ 1,00
O Real foi lançado em 01/07/1994 pelo Plano Real no governo Itamar Franco, com o objetivo de criar uma moeda forte e acabar com a inflação. Primeiramente foi estabelecido um índice paralelo para efeito de transição, a Unidade Real de Valor (URV). A Conversão de Cruzeiros Reais para Reais foi feita mediante a divisão do valor em Cruzeiros Reais pelo valor da URV de CR$2.750,00.CR$ 2.750,00 = R$ 1,00



terça-feira, 18 de outubro de 2016

PREFEITOS DE APODI NOMEADOS E ELEITOS DE 1833 A 2017

Resultado de imagem para prefeitura municipal de apodi rn
Palácio Francisco Pinto

01-Capitão João Nogueira de Lucena Silveira   18331890
02-Major José Sulpino Paes Botão                
03-Francisco Leonardo Freira da Silveira          15/09/1890
(1ª Eleição Republicana)
04-Coronel Antonio Ferreira Pinto                     1897a1909
05-Coronel João Jásimo de Oliveira Pinto          1909
06-Coronel João de Brito Ferreira Pinto             1911
07-Coronel Francisco Diógenes Paes Botão     1914
08-Eliseo Ferreira Pinto                                      1914
09-Francisco Ferreira Pinto                                1924
10-Francisco Ferreira Pinto                               1928
11-Francisco Ferreira Pinto                               01/01/1929
12-Cosme Lemos                                               09/10/1930
13-Tilon Gurgel                                                  30/10/1930
14-Tenente Solon Andrade de Araujo                 06/05/1931
15-Sebastião Sizenando de Sena e Silva            26/09/1932
16-Benedito Dantas Saldanha                             10/01/1933
17-Luis Ferreira Leite                                          24/07/1933
18-Tenente Abílio Campos                                  17/07/1934
19-Adrião Bezerra de Menezes                           12/11/1935
20-Lucas Pinto                                                    02/02/1936
21-Lucas Pinto                                                    01/08/1937
22-Lucas Pinto                                                    27/12/1937
23-Orígenes Monte                                             23/09/1940
24-Major Joaquim Teixeira de Moura                 25/03/1944
25-Luis Sulpino de Silveira junior                        27/05/1945
26-José Mozart Menescal                                   28/11/1945
27-Lucas Pinto                                                   19/03/1946
28-Francisco Holanda Cavalcante                      22/04/1948
29-José da Silveira Pinto                                     31/03/1953
30-João Pinto                                                     31/03/1958
31-Izauro Camilo de Oliveira                              31/03/1963
32-Valdemiro Pedro Viana                                 31/03/1969
33-Izauro Camilo de Oliveira                              21/01/1973
34-Valdemiro Pedro Viana                                 31/01/1977
35-Hélio Morais Marinho                                    31/01/1983
36-Ivo Freire de Araújo                                      21/03/1985
37-Simão Nogueira Neto                                    01/01/1989
38-José Pinheiro Bezerra                                    01/01/1993
39-Evandro Marinho de Paiva                             01/01/1997
40-José Pinheiro Bezerra                                    01/01/2001
41-José Pinheiro Bezerra                                    01/01/2005
42-Maria Gorete da Silveira Pinto                        01/01/2009
43-Flaviano Moreira Monteiro                                    01/01/2013
44-Alan Jeferson da Silveira Pinto                           * 01/01/2017

*Tomará posse
44-Alan Jefferson da Silveira Pinto                      01/01/2017

Museu do Índio Luiza Cantofa - 1º Museu Indígena do RN

Primeiro Museu Indígena do Rio Grande do Norte

Sobre o Museu do  Índio Luiza Cantofa

O Museu do Índio Luíza Cantofa  é o  Primeiro Museu Indígena do Estado do Rio Grande do Norte. Fica localizado na Rua Antonio Lopes Filho, nº 105, na cidade de Apodi/RN, na mesorregião Oeste Potiguar.

O Museu tem dentre os seus principais objetivos, resgatar a  cultura indígena de Apodi, abrigando  em seu acervo  peças e artefatos feitos pelos Tapuias Paiacus, primeiros habitantes das terras apodienses.

Atualmente, funciona provisoriamente na casa da pesquisadora apodiense Lucia Maria Tavares, que é a Presidente do Centro Histórico-Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi(CHCTPLA), entidade mantenedora do Museu Luíza Cantofa.  


"Somos os primeiros habitantes do Brasil, somos os primeiros do Rio Grande do Norte, somos os primeiros de Apodi e somos os senhores natos do continente da America". Lucia Maria Tavares - Presidente do CHCTPLA

O Museu é uma homenagem a apodiense Luiza Cantofa, guerreira indígena que foi brutalmente assassinada na cidade de Portalegre/RN, no dia 03 de novembro de 1825. 

Visite a página do Museu no facebook clicando aqui

Sobre a índia Luiza Cantofa

Foi uma guerreira indígena natural de Apodi/RN, pertencente à tribo dos índios Tapuias Paiacus.

A notícia da existência de Cantofa na serra de Portalegre se espalhou e o povo foi à procura de Cantofa. Debaixo de um frondoso cajueiro, dormia ela a sesta quando foi despertada pelo povo. Abrindo um pequeno oratório, ajoelhou-se aos pés do Cristo Crucificado e começou a rezar o ofício de Nossa Senhora. Jandy, banhada em lágrimas, pedia perdão ao povo, perdão para sua querida avó. Um dos algozes vendo o pranto de Jandy e as rezas da velha cabocla diminuíam a satisfação do seu extinto sanguinário, aproximou-se dela e quando a velha rezava a coluna: “Deus vos salves relógio, que andando atrasado serviu de sinal…”. Cravou o punhal no peito da anciã que caiu fulminada e levada em sangue. Jandy caiu desmaiada aos pés da sua avó. No dia seguinte, Cantofa foi sepultada no mesmo lugar onde foi assassinada. Jandy não mais foi encontrada e não se sabe o seu destino. 

Segundo a tradição popular, o local da morte de Luíza Cantofa corresponde àquele local onde hoje existe a chamada Fonte da Bica distante cerca de 400 metros do centro da cidade de Portalegre. Afirma a tradição popular que, durante muitos anos, o lugar do falecimento da velha Luíza Cantofa ficou mal-assombrado. Algumas pessoas que dali se aproximavam, ouviam claramente uma voz a rezar o Ofício de Nossa Senhora. 

Luiza Cantofa é patrona de uma pequena rua, localizada no Bairro IPE, bairro que dá acesso à entrada da cidade. 

Sobre o Centro Historico-Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi(CHCTPLA)

Seus principais objetivos são: 

- Resgatar e preservar a Cultura étnica indígena da Nação Tarairiú, especificamente, dos Tapuias Paiacus, considerando-os estes, um coexistente marco histórico na formação e fundação do município de Apodi – RN.
- Promover e apoiar ações que contribuam para o resgate, divulgação e valorização da arte e da Cultura indígena.
- Estimular a parceria, o diálogo local e solidariedade entre os diferentes segmentos sociais, participando junto a outras entidades de atividades que visem interesses comuns.
- Contribuir para a ampliação, difusão e disseminação do conhecimento sobre a história, Cultura e Arte indígena.
-Apoiar, bem como promover ações sustentáveis que contribuam para a preservação ambiental, de modo especial, da Lagoa do Apodi, tendo em vista, a sua contribuição histórica para o surgimento da cidade, uma vez que suas margens serviram de espaço para a realização de atividades como: plantação, pescaria, dentre outras pelos referidos nativos.

Para acessar a página do CHCTPLA, clique aqui

Abaixo algumas fotos do Museu: 

Centro Histórico-Cultural Tapuias Paiacus da Lagoa do Apodi e Museu do Índio Luiza Cantofa, ambos funcionam provisoriamente no mesmo espaço. 

CHCTPLA e Museu Luíza Cantofa
Museu do Índio Luiza Cantofa

 Interior do Museu 

 Peças indígenas

Artefatos e peças líticas

Para visitar o Museu do Índio Luíza Cantofa, agende a sua visita com a pesquisadora Lúcia Maria Tavares, através do seguinte número: 84 - 9 9914-2282 

Ver em: http://tudodorn.blogspot.com.br/2016/08/museu-do-indio-luiza-cantofa-1-museu.html

domingo, 9 de novembro de 2014

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA TOPONÍMIA RURAL APODIENSE - SÍTIO "SANTA ROSA".

       -Todos  os  renomados  historiadores  que  abordaram  a  temática  do  processo  de  ocupação  do  solo  da  região  Oeste-Potiguar,   foram  unânimes  em  afirmarem  que  este  se  dera   de   forma  lenta  e  gradual,  devido  a  tenaz  resistência   dos  núcleos  indígenas  que  infestavam  os  inóspitos  e   quase  indevassáveis   sertões.   A  metodologia  empregada  para  a   efetiva  utilização  das  vastas  extensões  de  terras  para  acomodação  dos  currais  de  gado  oriundos  da  região  pernambucana  do  Rio  de  São  Francisco   seguiu  dois  padrões :  A  COLONIZAÇÃO  DE EXPLORAÇÃO  e   a  COLONIZAÇÃO  DE  POVOAMENTO.
             Dentre  o  cabedal  de  arrojo  e  denodo   empregados  para  a   concretude  da  COLONIZAÇÃO  DA  EXPLORAÇÃO, há que  se  afirmar  que  o  mérito  atrela-se  ao  estoicismo  da   tradicional  família  NOGUEIRA  FERREIRA, oriunda  da  Paraíba, comandada  pelo  célebre  patriarca  MATHIAS  DE  FREITAS  NOGUEIRA (Paraibano)  e  esposa  Antonia   Nogueira  Ferreira (Pernambucana).   Acompanhados  dos  filhos  e  de  alguns  escravos,  protagonizaram  a  epopeia   da  primeira  corrente  colonizadora  encetada  ao  sertão  da  então  Pody,  em  Janeiro  de  1680.   O   profícuo  historiador  ROCHA  POMBO  foi  enfático  ao  afirmar  que  a  região  de  Apodi  constituiu  o  núcleo  irradiador  de  todo  o  processo  de  ocupação  e  povoamento   das  terras  que  hoje  representam  as  regiões  do  médio  e  alto  Oeste  potiguar.   Penetraram  o  Ceará  acompanhando  a  região  lindeira   que  compreende  o  alto  e  o  baixo  Jaguaribe, seguindo  vetusta  vereda  indígena  que  daria  origem  à   Estrada  Real  do  Jaguaribe,  que  é  a  atual  BR-116,  que  corta  todo  o   vale  jaguaribano.  Essa  dinâmica  família  colonizadora  adentrou  a  nossa  atual  CHAPADA  DO  APODI   subindo  as  escarpas  da  serra   no  lugar  denominado  de  "Olho  D'água  da  Bica",  no  atual  município  de  Tabuleiro  do  Norte-CE.  Naquele  remoto  ano  de  1680  ainda  era  muito  confuso  o  limite  entre  as  Capitanias  do  Rio  Grande  e   Siará  Grande (sic).  Daí  que  alguns  historiadores  cearenses, inadvertidamente,   incluíam  a  região  do  Apodi  como  parte  integrante  da   região  jaguaribana. 
 Do  ano  de  1940  pra  cá,  tem-se  as   áreas  territoriais  dos  municípios  de  Russas, Limoeiro do  Norte   e  Tabuleiro  do  Norte  como  integrantes  da   vasta  e  fértil  CHAPADA  DO APODI.
            Imagina-se  quão  árduo  e  afanoso  fora   esse  percurso  colonizador, atravessando  toda  a  vasta  extensão  da  então  "SERRA  PODY   DOS  ENCANTOS", conforme  consta  nas  petições  dos  que requeriam  as  concessões  das  famosas  e   disputadas   "Datas  de  Sesmarias", que  mediam  três  léguas  de  comprido  por  uma  de  largura.  Enfrentaram  a  ferocidade  dos  animais  silvestres  e  o  irrefreável  instinto  belicoso  dos  nossos  indígenas, que  em  verdade  estavam a defenderem  a  legitimidade  dos  seus  domínios  territoriais.  Pode-se  afirmar,  à  luz  de  documentos  oficiais  irrefutáveis,  que  o período  da  COLONIZAÇÃO  DE EXPLORAÇÃO   atinge  o  decurso  cronológico  compreendido  entre  os  ano  de  1680  a  1715,  quando  o  bravo  Entradista  Manoel   Nogueira  Ferreira  faleceu  em  sua  fazenda  "Outeiro",  próximo  a  então  lagoa  do  índigo  guerreiro  Itaú,  no  dia  17  de  Janeiro  de  1715, contando a  idade  de  60  anos,  após  plantar  os   primeiros  marcos  da  civilização  em  solo  apodiense.   Antigos   apodienses  afirmavam  que  a  fazenda  "Outeiro"   situava-se  em  terras  onde  hoje  se  acha  encravada  a  fazenda  "Cruz  de Almas".
             Sucinta  análise  das  relações  estabelecidas  entre  Entradistas, missionários  e  indígenas  revelam  que  a   COLONIZAÇÃO  DE  POVOAMENTO   da  região  da  antiga  Ribeira  do  Apodi  atingiu  uma  fase  em que  houve  considerável  avanço  da   ocupação  do  solo,  quando  fazendeiros  pernambucanos  do  Rio  de  São  Francisco  adentraram  o sertão  apodiense  tangendo  seus  numerosos  rebanhos  de  gado,  para  instalarem seus  currais  nas  férteis  terras  que  compreendem  o  atual  "Vale  do  Apodi",  semi-desertas  pela  devastadora  ação  exterminadora  ao  gentio  indígena,  empreendida  pelo  famoso  "Terço  dos  Paulistas", comandado  pelo  famanaz  bandeirante  paulista  MORAIS  NAVARRO,  que  fora  precedido  pelo  não  menos  célebre  bandeirante  paulista  Domingos  Jorge  Velho,  o  famoso  "Calção  de  Couro".  Essas  incursões  belicosas  tinha  como   objetivo  único  a  fixação  de  famílias  portuguesas  nesses   rincões  nordestinos.  Atinge  o  período   de  1715  a  1831,  quando  foram  cessadas  as  concessões  de  "Datas  de  Sesmarias".
            Observe-se que  todas  as  terras  que compreendem  o  atual  "Vale  do  Apodi"   constituíam  o vasto  feudo  territorial  da  família  NOGUEIRA,  englobando  oito  "Datas  de  Sesmarias",  cada  uma  medindo  três  léguas  de  comprido  por  uma  de  largura.  Nesse  contexto,  englobam-  a  "Data  de  Santa  Rosa",  que  até  o  ano  de  1783  integrava  e  recebia  a  denominação  de    "Data  da    Alagoa  Pody",  que  desde  o  ano  de  1680  pertencia  ao  bravo  Manoel  Nogueira  Ferreira, segundo  irrefutável  manuscrito  do  abnegado  historiador  NONATO MOTA.  As  terras  da  "Data  da  Lagoa  Pody"  compreendia  uma  parte  de  terras  conhecidas  como  "lagoa  do  braço  do  cajueiro",  que  se  estendia  do  lado  sul  da  lagoa  Pody   até  as  terras  da   fazenda  que  viria  a  ser  denominada  de  "Santa  Rosa".
              Por  morte  de  Manoel  Nogueira  em  1715,  estas  terras  foram  herdadas  por  sua  filha  Margarida  de Freitas  Nogueira  e   pela  irmã  de  Manoel , de  nome  Antonia  de  Freitas  Nogueira,(1652-1772),     que  fora  fundadora  do  Apodi.  Em  1750  Antonia  de  Freitas  Nogueira   estava  senil,  contando  a  avançada  idade  de  102  anos,  sendo  os  seus  bens  administrados  por  seu  cunhado o  Capitão  Carlos  Vidal  Borromeu, que  era  português.  Em  1755, a  requerimento  do  Capitão  Francisco  Nogueira, sobrinho  de  Antonia  de  Freitas,  estas  terras  foram  levadas  à  leilão  em hasta  pública  realizada  em  "Afogados  do  Recife"  para  o pagamento  de  400  mil  réis  que  Antonia  e  Margarida  deviam  aos  ROCHA  PITA (Sesmeiros  baianos).  A  "Data"  foi  arrematada  por  Cristóvão  da  Rocha  Pita  por  700  mil  réis  e  este  vendeu  a  metade  a  seu  irmão   Francisco  da  Rocha  Pita.  Por  falecimento  deste,  ditas  terras  foram  arrematadas  por  seu  filho  Thomé  Lançareto   Pereira  Pita.

                    HISTÓRIA  DO  REFERENCIAL  TOPONÍMICO   "SANTA  ROSA".
Ponte sobre o rio Apodi no Sitio Santa Rosa

            Estas  férteis  terras  só  passaram  a   receberem  a  denominação  de  "DATA  DE  SANTA  ROSA"  a  partir  do  dia  23  de  Março  de  1783,  quando  o  rico  fazendeiro  João  Pereira  da  Costa (1º  deste  nome  e pai  do  2º)  comprou  ditas  terras  ao  Sr.  José  Ramalho  do  Espírito  Santo  por  400   mil  réis,  que  por  sua  vez  as  havia  comprado  pela  mesma  quantia  a  Thomé  Pita  em  22  de  Julho  de  1782.
             A  denominação   toponímica  foi   feita  em  homenagem  à   destemida  matriarca  ROSA  MARIA  DO  E. SANTO,  filha  do  português  Manoel   Raposo  da  Câmara  e  Antonia  da  Silva.   Rosa  casou  com  o  rico  criador  de  gado  CAETANO  GOMES  DE  OLIVEIRA,  e  foram pais  de   ANA  ROSA,  que  veio   a  casar  com  FRANCISCO  XAVIER  DA  COSTA, que  era  filho  de  João  Pereira  da  Costa   e  Francisca  dos  Santos  de  Azevedo.   Esta  matriarca  faleceu  em  sua fazenda  "Santa  Rosa"  a    01.06.1840,  tendo  seu  esposo  falecido  a  26.04.1839.   São  tronco  inicial  da  vasta  e  tradicional  família  CAETANO,  disseminada  em  todo  o  município  de Apodi.  Um fato interessante  reside  no  fato  de  que  o  nosso  ilustre  historiador  Coriolano (Manoel  Antonio  de  Oliveira  Coriolano)  era  neto  materno  deste  venturoso  casal.   Mundico  Jararaca  era  neto  do  historiador  Coriolano.   As  irmãs  (Professoras)  dona  Biluquinha  e  Sinhazinha  de  Sebastião  Paulo  eram  trinetas   do  casal  CAETANO  GOMES/  ROSA  MARIA.

 Por  Marcos  Pinto. (07.11.2014).

domingo, 13 de outubro de 2013

UM MENINO TRAQUINAS DO APODI.

Marcos aos 08 anos, e o irmão Marcondes(já falecido)
 com seu pai na lagoa do Apodi
       Para  que  inventei  de   mexer  e  remexer  o  baú  de  minhas  saudades ?.  Não  mais que de repente  me  ví  menino   traquino, que  é  o  referencial  nordestinês  para  se definir  menino  danado, impulsivo, assassino  libidinoso  de  galinhas  cevadas.  Me  ví  menino  bocó  diante  a  beleza  da  primeira  professorinha, de  face  rosada  por acentuada  camada  de  "Rouge", espalhando  o  seu  cheiro  característico.  
           A  pequenina  cidade  acordava  sob  o  auspicioso  som  da  banda  de  música  municipal,  irradiando  emoções  em  seus  dobrados  executados  no  patamar  da  Igreja-Matriz  de  São  João  Batista  e  Nossa  Sra. da  Conceição, lugar  preferido  para  onde  me  dirigia  aos  primeiros  albores  de  radiantes  manhãs.  Deitava-me  na  calçada  e  ficava  olhando  para  o  alto, em  êxtases  oníricos. O menino  fixava  em  perene  olhar    o  vôo  das  andorinhas, que  enfeitava  os  meus  sonhos  em  seus  vôos  rasantes, rabiscando no  azul   do  céu  uma  perfeita  e  exímia  sincronia  entre  nuvens  superpostas, enviando-me  recados  fantásticos  dos  mistérios  circundantes.  Impregnavam-se em  minha  alma  infantil  um  colorido  perfeito  de  projetos  inebriantes.
         Na  estação  invernosa  o  menino  sonhador  assenhoreava-se  das  biqueiras  da  venerada  Igreja-Matriz, que eram as  melhores  goteiras  da  cidade, por onde escoavam  abundantes  jorros  d'água,  que  no princípio da  chuva   doíam no  cocoruto, mas  que   à  medida  que  aumentava  seu  volume  diminuía  o  impacto  na  pequena  cabeleira, cortada no  estilo militar.
        Como  encantavam-me  os  claros  matinais, em seus  primeiros  albores !.  Na  mente  do  menino  existia  um  mundo  que terminava  logo  após  a  lagoa, entre  os  verdes  carnaubais  dos sítios  "Garapa"  e  "Vertentes".  Minha  alma  translúcida   deslizava  mansamente  sobre  o  límpido  espelho  d'água  da  Mãe-Lagoa, ornada  pelo  verde  exuberante  de  suas  margens.  E  os  sonhos  do  menino  pegavam  carona  nas  canoas  dos  pescadores, acompanhando  o  risco  n'água  deixado  pelo  trajeto  das  humildes  embarcações  sertanejas.  
        As  famosas  conversas  noturnas  alinhavadas  na  calçada  da  casa  de  Sêo  Lulu  Curinga  abordavam  histórias  malassombradas,  que  causavam  frio  na  coluna  e  arrepios  no  curioso  infante.  O  silente menino  absorvia  os  lances  interessantes  das  histórias  de  Trancoso  e  de  Camões, que  em  meu  dialeto-matuto  pronunciava  "Camonge".  Ví, muitas  vezes  a  PROCISSÃO DAS  ALMAS, nas  madrugadas  em que o meu  saudoso  pai  me  despertava  e me  levava  para  o  antigo prédio onde  funcionava  a  Agência  de  Rendas  Fiscais  do  Estado, alí  na  esquina onde  hoje  está  construído  o "Castelinho", do primo  Castelo  Torres. Eu via,  ao  longe, alí  pela  rua  Margarida  de  Freitas, imediações da  casa de  Celeste  Marinho, as  supostas  almas  passarem  com  algo aceso  nas  mãos, que  meu  pai  me  fazia  acreditar  serem  ossos  das  pernas  acesos  e  carregados  em  procissão  pelas  almas.  Depois  que  crescí  e  me  fiz  de  gente  descobrí  que  se  tratavam  dos  machantes (Magarefes)  Ussí de  Sêo  João  Tito, seu  irmão  Damião   e  mais  uns  dois  outros, que  se  dirigiam  à  matança (Matadouro  público) para  abaterem  seus  caprinos  e  suínos, para  posterior venda  no açougue  público.
        Ouço, nos  confins  da  esquina  do  tempo  que  lá se  vai, os  dobres  soturnos  dos  venerandos  e  vetustos  sinos  da  nossa  amada  Igreja-Matriz, quebrando  o  imenso  silêncio  da  cidadezinha  ainda  adormecida, na  cadência  monótona  daquelas  escalas, onde  o  tempo  era  um  denominador-comum, distribuído  aos  pedaços, marcando  a  marcha  do  tempo e  do  ciclo  vicioso  da  vida.  Aquele  menino  tinha  a  mente  pautada  pelos  mistérios   dos  sonhos, vivendo o  cotidiano das  mesmas  imagens e dos mesmos  sons, sem fazer  nada, num  viver  apático,preguiçoso  e  inútil.  Eu, um  menino  sambudo, magro  feito  sibito baleado, afeito  às  repetitivas  brincadeiras  e  banhos  fortuitos  e  rápidos  de  menino  fugitivo do  olhar  fiscalizador do   pai.  Era um  viver  nostálgico  sem fim, de  brincadeiras  de  pião, gaiatices, travessuras  e  fuxicos.  Viver  ao  meu  modo  era  e  sempre  será  a  minha  filosofia.  E  assim  vou  remexendo os  meus arquivos  memoriais  sempre  bolorentos pelo mofo  das  horas  do  quase  esquecimento. SAUDADES...

    Apodi  de  São  João  Batista  e  Nossa  Sra. da  Conceição, aos  09 dias  do  mês  de  Outubro  do  ano  de  Jesus  Cristo  de  Dois  mil  e  treze.

      Marcos  Pinto  -  Comboieiro  da  saudade.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

ÍNDIOS DA RIBEIRA DO APODI SOB A ÓTICA DO HISTORIADOR NONATO MOTA.

           
NONATO MOTA
              A  historiografia  indígena  potiguar   reserva  expressiva  participação  do  profícuo  historiador  conterrâneo  NONATO  MOTA,  o  que  nos  faz  ufanar  o  peito  e  nos  sentirmos  regozijados  em sermos  Apodienses.  O seu relato  histórico  nos  insere  numa  compreensão  compartilhada  e  numa   leitura  temporal  do  passado  constitutivo  de  nossa  vasta     cultura histórica.   Como  o  nobre  historiador  conterrâneo  não  dispunha  de  recursos  econômicos  suficientes  para     publicação de  seu  vasto  acervo  pesquisado, encaminhava  seus  apontamentos  extraídos  de  documentos  oficiais   para  publicação em  jornais  da  cidade  de  Mossoró, dentre  eles  o  "COMMÉRCIO DE  MOSSORÓ",  em  sua  edição  de  12.07.1914   com  o tópico  "NOTAS  HISTÓRICAS", nas  quais  traça  perfís  dos  indígenas  que  dominavam  a  Ribeira  do  Apodi.  A  lagoa  Itaú  é  a  nossa  atual  lagoa.  A  nação era  Tapuias  e  as  etnias  eram  Paiacus, Payins, Janduís/Janduins, Icós, Icosinhos, Caborés   e  Pegas. Vejamos:
         " OS   PAIACUS  -   Esta  poderosa  tribo de  Tapuias  cor  de  chumbo  habitava  nas  margens    do    rio  Podi e    Lagoa  Itaú,  onde  tinham  as  suas  aldeias.  Em  1682  quando  Manoel  Nogueira  fundou  o  Apodi  era  chefe  dos  Paiacus  o  indômito  guerreiro  Itaú.  Apesar  da  resistência  de  Manoel  Nogueira, os  Paiacus  foram senhores  da  Lagoa  Itaú.
           OS   PAYINS   -     Esta  tribo  de  Tapuias  habitava  na  lagoa  do  "Apanha-Peixe"   e  nas  margens  de  um braço  de  rio  que  mais  tarde  teve  o  nome  de  Rio  Umari.   Gonçalo  Pires  de  Gusmão, sócio  de Manoel  Nogueira, não  podendo  situar-se  na  lagoa  do  "Apanha-Peixe"  por  causa  dos  Payins  vendeu a  "Data  do  Apanha-Peixe"  a   Mathis  Nogueira, pai de  Manoel,  e  retirou-se  para  o  Jaguaribe.   Esses  Payins  aliaram-se  aos  Paiacus  e  deram  combate  aos  Nogueira na  célebre  batalha  de  09 de  Agosto de  1688, onde  tombaram  mortos  os  bravos  João  Nogueira  e  Balthazar  Nogueira.
           Queixando-se  os  Nogueiras  ao  Governo    mandou  o  Capitão-Mór  da  Capitania  do  Rio  Grande  o   Paschoal  Gonçalves  de Carvalho, no ano  de  1688,  o  Ouvidor  Marinho  retirar  os  Payins  e seus  agregados  Caborés  e  Icosinhos,
 do  Apanha-Peixe  para  a  lagoa  Itaú, onde  vilou-os  com  os  Paiacus.  Os  Payins, Paiacus, Caborés  e  Icosinhos  foram  depois  vilados, a  08  de  Dezembro  de  1762  pelo  Dr.  Caldeira  na  serra  de  Portalegre.
           Em   1825  tendo  eles  por  Chefe  o  Cacique  João  do  Pega  revoltaram-se  contra  as  autoridades  da  Vila  de  Portalegre, havendo  combate  entre  os  moradores  da  mesma  Vila  e  os  índios.  Neste  embate  foi  morto  à  flechadas o  Capitão  Bento  José  de  Bessa.
           Presos  os  revoltosos  foram estes  fuzilados  no  sopé  da  serra  de  Portalegre  a  03  de  Novembro  de  1825, tendo  escapado  milagrosamente  o  cabecilha   João  do  Pega, cujo  crime  foi  perdoado  pelo  governo, e  o  resto  dos  índios  internou-se  para  o  centro  do  Cariri,  não  voltando  mais.
              OS  PEGAS   -    Estes  selvagens  habitavam  nas  margens  dos  rios  Mossoró  e  Upanema, estendendo-se  para  as  serras  do  João  do  Vale  e  do  Patu.  Em  1686  o  Capitão-Mór  Paschoal  Gonçalves  de  Carvalho mandou  o  bravo  Capitão  Manoel  de  Abreu  Soares  com  120  homens  de  ordenanças  e  índios  do  Camarão  para  na  Ribeira  do  Assu  fazer   guerra  aos  Tapuias   Janduins.  A  07  de  Maio  de  1687  Abreu  Soares  levantou  um  Arraial   no  sítio  "Olho  D'água", levantando  outro  sítio  por  nome  Santa  Margarida  no  dia  20  do  mesmo  mês (Hoje  cidade do  assu) onde  demorou-se  alguns  dias, e  depois seguiu  em  perseguição  aos  mesmos  índios  até as cordilheiras  das  serras  de  Leandro  Saraiva , hoje  conhecidas  com  os  nomes  de  serra  de  João  do Vale  e   Patu.
              Em  1740  os portugueses  Carlos  Vidal  Borromeu  e Clemente  Gomes  de  Amorim  auxiliados  pelos  Paiacus  expulsaram  os  Pegas  da  serra  de  Portalegre, indo  eles  habitar  na  serra  de  João do  Vale.
              A  19  de Novembro  de  1761  o  Coronel  João  do  Vale  Bezerra, fazendeiro  no  Upanema (Campo Grande) arrematou  a  serra, que  depois  passou  a  serra de  João  do  Vale, por   420$000 (Quatrocentos  e  vinte  mil  réis). Neste  mesmo  ano  o  Dr. Miguel  Carlos  Caldeira  de  Pina  Castelo  Branco  retirou  os  Pegas  para  São  José  de  Mipibu  onde  vilou-os.
               OS  CABORÉS  E  OS   ICOSINHOS:
         Estes  selvagens  eram  tribo  de  índios  errantes.  O  Ouvidor  Marinho  vilou-os  com os  Payins  na  lagoa  do  Apodi  no  ano  de  1688.

Por Marcos Pinto.