sexta-feira, 20 de abril de 2012

RELEMBRANDO O PASSADO

Marcos Pinto
VOU-ME  EMBORA  PRU  PASSADO  -  UMAS  PESSOAS,  UMAS  HISTÓRIAS  E  UMAS   SAUDADES (I).      
      Em  meio  à  agitação  dos  dias  atuais  agradeço, todos  os  dias, ao  DEUS  todo  poderoso  e de  infinita  bondade, por  ter  me  proporcionado  a  felicidade  de  ter  nascido  em  Apodi, e  de  fazer  parte  da  sua geografia  humana, caracterizada  por  inconfundível  senso  de  solidariedade  humana.  Transfiguro-me  em  menino, todas  as  vezes  que  volto  à  terrinha  amada  e  nunca  esquecida.  Minha  saudade se  espraia  num  estuário  de  recordações, como  a  divisar  entre  os  silêncios  do mundo  o  desfilar  das  emoções  antigas, cheias  de  fidelidade  evocadora.
          Diante  o  desenrolar  dessa  fita  da  saudade, passada  no  CINE  ODEON  do  meu  passado, vejo  a  inconfundível  figura  de  Sêo  JOÃO  DE  QUINCA, com seu  corpo  rechonchudo, desempenhando  seu  ofício  como  componente  da  BANDA  DE  MÚSICA  DA  FUNDEVAP (Fundação  Para o  Desenvolvimento  do  Vale  do  Apodi)  tocando  num bombo - isto  lá  pelos  idos  dos  anos  de  1966  a  1969.  Integrante  da  tradicional  família  NORONHA, gozava  da  elevada  estima  de  seus  conterrâneos, com  também  daqueles  que  vinham  de  outras  cidades  para  cumprirem  alguma  meta  na  então  tranquila  cidadezinha  do  interior.
Quando  Sêo  João  de  Quinca  enviuvou  e, passado  o  período  lutuoso  de  um  ano, passou  a  frequentar, quase  que  diariamente, a casa  de  uma  senhora  que  "ganhava  a  vida"  na  salutar  prática  do meretrício, Essa  deliciosa  prática  do sexo  fazia  com  que  Sêo  João  gastasse  dez  Cruzeiros  por  cada  investida.  Certo  dia, após  cumprido  o  prazeroso  exercício, Sêo  João  de  Quinca  perguntou  à   fogosa  amásia  quanto  é  que  lhe  devia, no  que  ela  respondeu  que  importava  em  Quinze Cruzeiros. Desapontado  e  com cara  de  surpresa, o  famélico  João  perguntou  o  motivo  do  aumento  do  preço  do "programa".  Qual  não  foi  o  seu  espanto  ao  ouvir  que  o aumento  dera-se  pelo  fato  de  que  o  preço  do  botijão  de  gás  butano  havia  subido  para  Quinze  Cruzeiros.  Como o ato já  havia  sido consumado, só  restou ao fogoso  João  pagar  o  preço  cobrado  -  mesmo  que  a  contragosto.  Depois  deste  susto  monetário, Sêo  João  de  Quinca  deixou  de  frequentar  a  casa  da  libidinosa  amante. 
Decorridos  cerca  de  três  meses, eis  que  Sêo  JOÃO  DE  QUINCA  depara-se, surpreso, frente  à  frente, com  a  ex-amante, exatamente  na  porta  que  dá  acesso  ao  açougue  público  municipal, ocasião  em  que  esta  dirige-lhe, à  queima-roupa, a   instigante  pergunta:

 - Ô  João, por  quê  você  não  foi  mais  lá  em  casa ?
   Sem  "arrodeios", o  desasnado  idoso   respondeu-lhe:
 - Enquanto  o  seu  "Tabaco"  for  à  gás  butano,  não  boto  os  pés  lá!.
         Visivelmente  envergonhada, só  restou   à  mesma  sair  de  fininho,  vermelha  "que  nem"  tomate.   Imagine-se  o  quanto  foi  difícil  para  os  circunstantes  manterem-se  sérios,  sem  dispararem  em  largas  gargalhadas.  O  certo  é  que  o  o  fogoso  João  faleceu  depois  de  dois  anos, em  forçoso  jejum  da  saborosa  fruta  da  sua  amada  Dulcinéia.

      Quando  tenho  o  prazer  de  encontrar-me  com  meus  conterrâneos  e   com  tempo  para  "tirar  um  dedo  de  prosa", costumo  afirmar  que  nossa  Apodi (cidade)  é  pródiga  quanto  à  existência  de  pessoas  espirituosas  e  gaiatas.  Quem,  em  Apodi, não  conhece  o  carrancudo  TETÉIA  DE  ADEMAR  CAVEJA, irmão de  Fãico, do  Bar  "Canto  das  Almas", alí  vizinho  ao  Cemitério  São  João  Batista?.  Pois bem: Em  um  dos  dias  do  carnaval  desse  ano, eis que  uma  conterrânea, residente  em  Natal, metida  a  rica  e  com  ar  e  pose  de  muito  importante, parou  o  seu  imponente  e  luxuoso  carro  em  frente  à  mercearia  de  Tetéia, que  se  encontrava  muito  bem sentado em uma  "cadeira  de  balanço", na  calçada. Se  fazendo  de  desconhecida/turista  e  fazendo  de  conta  que  não  conhecia  o  Tetéia,  sapecou  a  pergunta:

-O  Senhor  tem  pão de  Hambúrguer ?
           O  "cabreiro"  Tetéia,  se  fazendo  de  besta  e  também  fingindo  não  conhecer  a  boçal  conterrânea,  respondeu,  sereno  e  calmo:
Ainda encontra-se na mercearia de Teté
artigos não muito comum nos dias de hoje
-Tenho  não,  senhora!   A  Senhora  só  vai  encontrar  PAU  DE  BURRO  em  Mossoró, na  Loja  "Curral  Veterinário".
Mercearia  Frei Damião de Teté de Ademar
Diante  tão  inusitada  resposta, a  orgulhosa  conterrânea  engatou  a  marcha  do  veículo  e  saiu  "ciscando"  os  pneus,  mastigando  sua  incontida  raiva.

Ora,  o  Tétéia  lá  sabia  o  que  diabos  era  PÃO  DE  HAMBURGUER ?.  Criado  nos  moldes  sertanejos, assim  como  eu,  comendo  cuscuz  de milho  zarôlho, moído  naqueles  antigos  moinhos  de  marca  "Mimoso", e  de  vez  em  quando  saboreando  "pães  d'água" (Pães  franceses)  ou  então  "Pães  doces"  recheados  com coco,  comprados  nas  padarias  de  Zé  Bolacha,  Raimundo  Sena  ou  de  Josué  Marcolino, jamais  saberia  o  que  era  pão  de  hamburguer.



Marcos Pinto.


quarta-feira, 18 de abril de 2012

Os 13 mais mortais naufrágios da história

Nós estamos no centésimo aniversário do naufrágio do Titanic, provavelmente o mais famoso de todos, graças a Hollywood. Mas poucos sabem que esse não foi o pior de todos. Para “comemorar” a ocasião, aqui vão os 13 mais mortais naufrágios da história: 



1 – MV DOÑA PAZ


Data: 20 de dezembro, 1987
Local: Filipinas
Número de mortos: 1565
A maior parte dos passageiros do MV Doña Paz estava dormindo quando o navio colidiu com o MT Vector, um navio tanque que carregava 8.800 barris de gasolina e petróleo. A colisão gerou um incêndio no Vector que se espalhou para o Doña Paz, deixando os passageiros sem escolha a não ser pular nas águas infestadas de tubarões. As estimativas de mortos variam devido aos passageiros não identificados, podendo ser maior do que quatro mil, fazendo deste um dos mais mortais naufrágios da história.
2 – SS KIANGYA


Data: 4 de dezembro, 1948
Local: Rio Huangpu, norte de Shanghai
Número de mortos: 2750–3920
O Kiangya, um barco de passageiros repleto de fugitivos da Guerra Civil Chinesa, explodiu e afundou após bater no que se acredita ser uma mina deixada pela Marinha Imperial Japonesa.


3 – MV JOOLA


Data: 26 de setembro, 2002
Local: Gâmbia
Número de mortos: 1863
O Joola, uma balsa governamental desenhada para carregar um máximo de 580 passageiros, tinha pelo menos dois mil a bordo quando partiu durante uma perigosa tempestade, em 2002. Ela afundou em apenas cinco minutos, matando quase todos.

4 – SS SULTANA


Data: 27 de abril, 1865
Local: Rio Mississipi
Número de mortos: 1547
O SS Sultana era um barco que cruzava o rio Mississipi usando como fonte de energia pás d’água, presas em grandes rodas. Ele afundou após a explosão de três das quatro caldeiras. Apesar de ser considerado o maior desastre marítimo da história americana, o evento teve pouca atenção na época porque o assassinato do presidente Abraham Licoln por John Wilkes Booth e o fim da Guerra Civil Americana haviam acontecido poucos dias antes.
5 – RMS TITANIC


Data: 14 de abril, 1912
Local: Norte do Oceano Atlântico
Número de mortos: 1517
Quando saiu para sua viagem, o Titanic era o maior barco de todos. Como todos sabemos, ele bateu em um iceberg e afundou no meio do oceano, em rota para a Nova York. Foi sua primeira e única viagem.


6 – RMS LUSITÂNIA


Data: 7 de maio, 1915
Local: Irlanda
Número de mortos: 1198
O Lusitânia saiu de Nova York carregando uma carga escondida de munições e contrabando para a Inglaterra, assim como passageiros civis. O navio afundou em apenas 18 minutos, após um ataque de torpedos. O evento gerou uma discussão se um navio de passageiros poderia ser considerado um alvo militar, já que era na época da grande guerra.
7 – SS GENERAL SLOCUM


Data: 15 de junho, 1904
Local: East River, Nova York
Número de mortos: 1021
A balsa SS General Slocum estava carregando membros da Igreja Luterana-Evangélica para um picnic, quando um incêndio começou, na sala de lâmpadas. As chamas cresceram rapidamente, alimentadas pelo óleo e gasolina. O equipamento de segurança não estava em dia. Os coletes salva vidas queimaram e os botes estavam inacessíveis. No fim, os passageiros tiveram que pular, e aqueles que não sabiam nadar acabaram se afogando com as pesadas roupas da época.
8 – MS AL-SALAM BOCCACCIO 98


Data: 3 de fevereiro, 2006
Local: Mar Vermelho
Número de mortos: 1018
O al-Salam Boccaccio já deixou o porto com condições ruins de tempo. Um incêndio começou na sala de motores e a equipe começou a usar baldes de água do mar para tentar extinguir o fogo. O incêndio parou por algum tempo, mas logo começou novamente. O capitão tentou voltar para o porto, mas como os sistemas de drenagem de água pararam de funcionar, o navio virou. Ventos fortes e condições do tempo dificultaram o resgate.
9 – RMS EMPRESS OF IRELAND


Data: 29 de maior, 1914
Local: Pointe-au-Père, Quebec
Número de mortos: 1012
O navio canadense Empress of Ireland estava descendo o Rio Saint Lawrence sob forte neblina quando colidiu com outro navio. O Empress afundou rapidamente, ao contrário do outro, que não afundou. Esse foi por muito tempo o pior desastre marítimo da história canadense. A carcaça permanece a cerca de 40 metros de profundidade, o que permite que mergulhadores cheguem até ali – inclusive para roubar relíquias.
10 – SS HONG MOH


Data: 3 de março, 1921
Local: Sul do Mar Chinês
Número de mortos: 1000
Em 1921, o navio de passageiros SS Hong Moh bateu nas Rochas Brancas, na Ilha de Lamock. O navio quebrou em duas partes; quando o primeiro bote de resgate chegou, três dias depois, a maior parte dos passageiros e tripulação já havia morrido.

11 – HMT ROYAL EDWARD


Data: 13 de agosto, 1915
Local: Kandeliusa, Mar Egeu
Número de mortos: 935
O Royal Edward era um navio de passageiros, usado para transportar tropas britânicas durante a Primeira Guerra Mundial. Às 10 da manhã, ele foi atingido por dois torpedos alemães, e rapidamente enviou um sinal de SOS, antes de perder a energia. A popa afundou em apenas seis minutos. A maior parte dos homens estava nos decks inferiores, o que explica o grande número de mortos.
12 – MV BUKOBA


Data: 21 de maio, 1996
Local: Lago Vitória, Tanzânia
Número de mortos: 894
O MV Bukoba era uma balsa famosa pela regularidade. Não possuía coletes salva-vidas nem equipamentos contra incêndios. Mesmo assim a balsa sempre estava em movimento. Mas nesse dia, quando começou o trajeto, equipamentos grandes de cozinha, assim como pratos, talheres e panelas, começaram a cair e quebrar em um lado da balsa. O barulho assustou os passageiros, que correram para um lado do deck, fazendo o navio virar.
13 – MS ESTONIA


Data: 24 de setembro, 1994
Local: Mar Báltico
Número de mortos: 852
O MS Estonia estava cruzando águas agitadas quando os passageiros começaram a ouvir barulhos metálicos. Em poucos minutos, as portas de carga quebraram, fazendo com que o deck inferior fosse inundado, pouco antes dos quatro motores pararem completamente. Apenas os que estavam no deck superior conseguiram sobreviver.

Por  em 17.04.2012 as 18:00
Pagina de origem: http://hypescience.com

quinta-feira, 12 de abril de 2012

ERA SÓ O QUE FALTAVA: LAMPIÃO GAY?

  Novo livro sobre Lampião diz que cangaceiro era gay

O livro "Lampião, o Mata Sete" está com o lançamento 

marcado para o dia 1º de dezembro

    Um livro escrito por um juiz aposentado diz que Virgulino Lampião era homossexual e sua mulher, Maria Bonita, era adúltera - a filha do casal seria de outro homem, segundo o escritor Pedro Morais.
"Não sou eu o primeiro a dizer isso, não. O professor Luiz Mott há mais de 30 anos já dizia isso", explica o juiz, dizendo que o cangaceiro namorava com um homem que também se relacionava com Maria Bonita, de nome Luis Pedro.
A biografia aborda também emboscadas, Padre Cícero e o dia a dia dos cangaceiros no sertão até a morte de Lampião, em 1938 - ele, Maria Bonita e Corisco, além de outros do bando, tiveram as cabeças cortadas e exibidas em praça pública.
O livro "Lampião, o Mata Sete" está com lançamento marcado para o dia 1º de dezembro, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Sergipe, mas a família de Lampião conseguiu na quinta-feira uma liminar na 7ª Vara Cível de Aracaju proibindo o lançamento sob pena de multa de até R$ 20 mil. Morais disse que vai recorrer.

domingo, 8 de abril de 2012

POSTE DE ILUMINAÇÃO PÚBLICA 100% ALIMENTADO POR ENERGIA EÓLICA E SOLAR

Empresário cearense desenvolve o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por energia eólica e solar
 
Não tem mais volta. As tecnologias limpas – aquelas que não queimam combustível fóssil – serão o futuro do planeta quando o assunto for geração de energia elétrica. E, nessa onda, a produção eólica e solar sai na frente, representando importantes fatias na matriz energética de vários países europeus, como Espanha, Alemanha e Portugal, além dos Estados Unidos. Também está na dianteira quem conseguiu vislumbrar essa realidade, quando havia apenas teorias, e preparou-se para produzir energia sem agredir o meio ambiente. No Ceará, um dos locais no mundo com maior potencial energético (limpo), um ‘cabeça chata’ pretende mostrar que o estado, além de abençoado pela natureza, é capaz de desenvolver tecnologia de ponta.
O professor Pardal cearense é o engenheiro mecânico Fernandes Ximenes, proprietário da Gram-Eollic, empresa que lançou no mercado o primeiro poste de iluminação pública 100% alimentado por energias eólica e solar. Com modelos de 12 e 18 metros de altura (feitos em aço), o que mais chama a atenção no invento, tecnicamente denominado de Produtor Independente de Energia (PIE), é a presença de um avião no topo do poste.
Feito em fibra de carbono e alumínio especial – mesmo material usado em aeronaves comerciais –, a peça tem três metros de comprimento e, na realidade, é a peça-chave do poste híbrido. Ximenes diz que o formato de avião não foi escolhido por acaso. A escolha se deve à sua aerodinâmica, que facilita a captura de raios solares e de vento. "Além disso, em forma de avião, o poste fica mais seguro. São duas fontes de energia alimentando-se ao mesmo tempo, podendo ser instalado em qualquer região e localidade do Brasil e do mundo", esclarece.
Tecnicamente, as asas do avião abrigam células solares que captam raios ultravioletas e infravermelhos por meio do silício (elemento químico que é o principal componente do vidro, cimento, cerâmica, da maioria dos componentes semicondutores e dos silicones), transformando-os em energia elétrica (até 400 watts), que é armazenada em uma bateria afixada alguns metros abaixo. Cumprindo a mesma tarefa de gerar energia, estão as hélices do avião. Assim como as naceles (pás) dos grandes cata-ventos espalhados pelo litoral cearense, a energia (até 1.000 watts) é gerada a partir do giro dessas pás.
Cada poste é capaz de abastecer outros três ao mesmo o tempo. Ou seja, um poste com um "avião" – na verdade um gerador – é capaz de produzir energia para outros dois sem gerador e com seis lâmpadas LEDs (mais eficientes e mais ecológicas, uma vez que não utilizam mercúrio, como as fluorescentes compactas) de 50.000 horas de vida útil dia e noite (cerca de 50 vezes mais que as lâmpadas em operação atualmente; quanto à luminosidade, as LEDs são oito vezes mais potentes que as convencionais). A captação (da luz e do vento) pelo avião é feita em um eixo com giro de 360 graus, de acordo com a direção do vento.
À prova de apagão

Por meio dessas duas fontes, funcionando paralelamente, o poste tem autonomia de até sete dias, ou seja, é à prova de apagão. Ximenes brinca dizendo que sua tecnologia é mais resistente que o homem: "As baterias do poste híbrido têm autonomia para 70 horas, ou seja, se faltarem vento e sol 70 horas, ou sete noites seguidas, as lâmpadas continuarão ligadas, enquanto a humanidade seria extinta porque não se consegue viver sete dias sem a luz solar".


O inventor explica que a ideia nasceu em 2001, durante o apagão. Naquela época, suas pesquisas mostraram que era possível oferecer alternativas ao caos energético. Ele conta que a caminhada foi difícil, em função da falta de incentivo – o trabalho foi desenvolvido com recursos próprios. Além disso, teve que superar o pessimismo de quem não acreditava que fosse possível desenvolver o invento. "Algumas pessoas acham que só copiamos e adaptamos descobertas de outros. Nossa tecnologia, no entanto, prova que esse pensamento está errado. Somos, sim, capazes de planejar, executar e levar ao mercado um produto feito 100% no Ceará. Precisamos, na verdade, é de pessoas que acreditem em nosso potencial", diz.
Mas esse não parece ser um problema para o inventor. Ele até arranjou um padrinho forte, que apostou na ideia: o governo do estado. O projeto, gestado durante sete anos, pode ser visto no Palácio Iracema, onde passa por testes. De acordo com Ximenes, nos próximos meses deve haver um entendimento entre as partes. Sua intenção é colocar a descoberta em praças, avenidas e rodovias.
O empresário garante que só há benefícios econômicos para o (possível) investidor. Mesmo não divulgando o valor necessário à instalação do equipamento, Ximenes afirma que a economia é de cerca de R$ 21.000 por quilômetro/mês, considerando-se a fatura cheia da energia elétrica. Além disso, o custo de instalação de cada poste é cerca de 10% menor que o convencional, isso porque economiza transmissão, subestação e cabeamento. A alternativa teria, também, um forte impacto no consumo da iluminação pública, que atualmente representa 7% da energia no estado. "Com os novos postes, esse consumo passaria para próximo de 3%", garante, ressaltando que, além das vantagens econômicas, existe ainda o apelo ambiental. "Uma vez que não haverá contaminação do solo, nem refugo de materiais radioativos, não há impacto ambiental", finaliza Fernandes Ximenes.

Vento e sol

Com a inauguração, em agosto do ano passado, do parque eólico Praias de Parajuru, em Beberibe, o Ceará passou a ser o estado brasileiro com maior capacidade instalada em geração de energia elétrica por meio dos ventos, com mais de 150 megawatts (MW). Instalada em uma área de 325 hectares, localizada a pouco mais de cem quilômetros de Fortaleza, a nova usina passou a funcionar com 19 aerogeradores, capazes de gerar 28,8 MW. O empreendimento é resultado de uma parceria entre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a empresa Impsa, fabricante de aerogeradores. Além dessa, a parceria prevê a construção de dois outros parques eólicos – Praia do Morgado, com uma capacidade também de 28,8 MW, e Volta do Rio, com 28 aerogeradores produzindo, em conjunto, 42 MW de eletricidade. Os dois parques serão instalados no município de Acaraú, a 240 quilômetros de Fortaleza.

Se no litoral cearense não falta vento, no interior o que tem muito são raios solares. O calor, que racha a terra e enche de apreensão o agricultor em tempos de estiagem, traz como consolo a possibilidade de criação de emprego e renda a partir da geração de energia elétrica. Na região dos Inhamuns, por exemplo, onde há a maior radiação solar de todo o país, o potencial é que sejam produzidos, durante o dia, até 16 megajoules (MJ – unidade de medida da energia obtida pelo calor) por metro quadrado.
Essa característica levou investidores a escolher a região, especificamente o município de Tauá, para abrigar a primeira usina solar brasileira. O projeto está pronto e a previsão é que as obras comecem no final deste mês. O empreendimento contará com aporte do Fundo de Investimento em Energia Solar (FIES), iniciativa que dá benefícios fiscais para viabilizar a produção e comercialização desse tipo de energia, cujo custo ainda é elevado em relação a outras fontes, como hidrelétricas, térmicas e eólicas.
A usina de Tauá será construída pela MPX – empresa do grupo EBX, de Eike Batista – e inicialmente foi anunciada com uma capacidade de produção de 50 MW, o que demandaria investimentos superiores a US$ 400 milhões. Dessa forma, seria a segunda maior do mundo, perdendo apenas para um projeto em Portugal. No entanto, os novos planos da empresa apontam para uma produção inicial de apenas 1 MW, para em seguida ser ampliada, até alcançar os 5 MW já autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Os equipamentos foram fornecidos pela empresa chinesa Yingli.
Segundo o presidente da Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará (Adece), Antônio Balhmann, essa ampliação dependerá da capacidade de financiamento do FIES. Aprovado em 2009 e pioneiro no Brasil, o fundo pagaria ao investidor a diferença entre a tarifa de referência normal e a da solar, ainda mais cara. "A energia solar hoje é inviável financeiramente, e só se torna possível agora por meio desse instrumento", esclarece. Ao todo, estima-se que o Ceará tem potencial de geração fotovoltaica de até 60.000 MW.
Também aproveitando o potencial do estado para a energia solar, uma empresa espanhola realiza estudos para definir a instalação de duas térmicas movidas a esse tipo de energia. Caso se confirme o interesse espanhol, as terras cearenses abrigariam as primeiras termossolares do Brasil. A dimensão e a capacidade de geração do investimento ainda não estão definidas, mas se acredita que as unidades poderão começar com capacidade entre 2 MW a 5 MW.

Bola da vez

De fato, em todas as partes do mundo, há esforços cada vez maiores e mais rápidos para transformar as energias limpas na bola da vez. E, nesse sentido, números positivos não faltam para alimentar tal expectativa. Organismos internacionais apontam que o mundo precisará de 37 milhões de profissionais para atuar no setor de energia renovável até 2030, e boa parte deles deverá estar presente no Brasil. Isso se o país souber aproveitar seu gigantesco potencial, especialmente para gerar energias eólica e solar. Segundo o Estudo Prospectivo para Energia Fotovoltaica, desenvolvido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), o dever de casa no país passa, em termos de energia solar, por exemplo, pela modernização de laboratórios, integração de centros de referência e investimento em desenvolvimento de tecnologia para obter energia fotovoltaica a baixo custo. Também precisará estabelecer um programa de distribuição de energia com sistemas que conectem casas, empresas, indústria e prédios públicos.

"Um dos objetivos do estudo, em fase de conclusão, é identificar as oportunidades e desafios para a participação brasileira no mercado doméstico e internacional de energia solar fotovoltaica", diz o assessor técnico do CGEE, Elyas Ferreira de Medeiros. Por intermédio desse trabalho, será possível construir e recomendar ações estratégicas aos órgãos de governo, universidades e empresas, sempre articuladas com a sociedade, para inserir o país nesse segmento. Ele explica que as vantagens da energia solar são muitas e os números astronômicos. Elyas cita um exemplo: em um ano, a Terra recebe pelos raios solares o equivalente a 10.000 vezes o consumo mundial de energia no mesmo período.
O CGEE destaca, em seu trabalho, a necessidade de que sejam instituídas políticas de desenvolvimento tecnológico, com investimentos em pesquisa sobre o silício e sistemas fotovoltaicos. Há a necessidade de fomentar o desenvolvimento de uma indústria nacional de equipamentos de sistemas produtivos com alta integração, além de incentivar a implantação de um programa de desenvolvimento industrial e a necessidade de formação de profissionais para instalar, operar e manter os sistemas fotovoltaicos.



Por GEVAN OLIVEIRA
Pagina de origem: REVISTA DA FIEC

quarta-feira, 4 de abril de 2012

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DAS FAMÍLIAS APODIENSES AFRODESCENDENTES (II).

  Nunca  será enfadonha  a  assertiva  e  a  exortação  de  que  a  história  do  cativeiro negro em  Apodi  encontra-se  restrita  aos  poeirentos e  mofados inventários setecentistas e  oitocentistas, e, ainda,  em  alguns  livros de  registro  de  matrículas  de  escravos  existentes  no  arquivo  morto  do Fórum  Judiciário.  Perdeu-se nas incertezas das  narrativas  da  tradição  oral.  São  raros  os  relatos  de  componentes  de  famílias  afrodescendentes  dando  conta  de  maus  tratos  físicos  em  seus  ascendentes.  Para  dar  mais  conotação  histórica  à  indômita  escrava  SABINA, no  livro  de  Registro de óbitos  do  ano  de  1924, do  1º  Cartório  Judiciário  de  Apodi,  consta  o  assento  do  falecimento  da  mesma,com  dados  fornecidos  pelo  seu  filho  Lúcio  Agostinho  da  Silva, informando  que  a  mesmo  veio  à  óbito  a  uma  hora  do dia  18  de  Março  de  1924, devido  a  complicações  cardíacas, cuja  ex-escrava  tinha  o  nome  civil  de  SABINA  CONSTÂNCIA  BELTRÃO, com  72  anos  de  idade, presumíveis, filha  natural  de  INOCÊNCIA  CONSTÂNCIA BELTRÃO,  deixando  os  filhos  LÚCIO  AGOSTINHO  DA  SILVA  e  LUIZ  BELTRÃO, casado com  Águida  de  Tal.  Sabina  teve  ainda  o  filho  GALDINO  FERREIRA  DA  SILVA, que  residia  em  Recife-PE, e que  sentindo-se  muito  doente  em  consequência  de  letal  tuberculose, retornou  para  Apodi, onde  faleceu  a  09  de  Maio  de  1911, aos  43 anos de  idade, deixando  a  viúva  e  cinco  filhos  residindo  em  Recife.  A  prole  de  SABINA  era  composta, também, pelo  Sr. VICENTE  FERREIRA  DA  SILVA, popularmente  conhecido  como  "Vicente  Beltrão", que  nasceu em Apodi  a  16.09.1866, e  foi  batizado  pelo  Pe. Antonio  Dias  da  Cunha  na  Igreja-Matriz  de  Apodi  a  23.09.1866, tendo  como  padrinhos Belarmino, escravo  do  Capitão  Francisco  Ferreira  Pinto (Tio-avô do 2º  deste  nome)  e  Catharina, escrava  de  Domingos  Alves  Ferreira  Pinto.  VICENTE  BELTRÃO  casou  a  01  de  Março  de  1907  com  Joaquina  Maria  da  Conceição, nascida  a  15.04.1871, filha  natural  de GERMANA, escrava  de  Francisco  Ferreira  Lima.  Vicente  e Joaquina  foram  pais  de  Ezequiel  Beltrão, que por sua  vez  foi  pai  de " Manoel  de  Zaquiel",  que  ainda  é  vivo  e  sofre  das  faculdades  mentais, perambulando pelas  ruas  da  cidade.  Como  se  vê, casamento  entre  ex-escravos  e  filhos  de  escravos, o  que  evidencia   um  processo  de  identidade  e  formação  de  casta  social.

Escravos eram comercializados em Pernambuco e
trazidos para terras Potiguares  

    Os  livros  que  abordam  o  processo  de  compra  e  venda  de  escravos no  RN  informam  que  o  abastecimento  tinha  a   procedência  de  dois  centros: Pernambuco  e  Maranhão.  De  Pernambuco  eram  enviados  para  a  região  açucareira  potiguar, sobretudo  a  partir  do  ano  de  1845, quando  a  indústria  açucareira  foi  ativada.  O  número de  cativos  em  Apodi  não  era  muito  expressivo, posto que  a  região  desenvolveu-se  com  a  criação  extensiva  do  gado, o  cultivo  das  vazantes, e  o  comércio  com  a  praça  comercial  de  Aracati-CE, para  onde  eram transportados  o  algodão, couros  bovinos  e  caprinos, e  a  cêra  de  carnaúba.  São  poucas  as informações  censitárias  que  poderiam  servir  para  a  análise  da  população  escrava ou  mesmo  a  posse  de  cativos.  Por  constituir  vasto  domínio  da  extensão  rural, as  famílias  PINTO, MORAIS  e  MARINHO  tinham o  maior  número  de  cativos.  Os  escravos  vinculados  à  família  PINTO  eram  distribuídos  nas  suas  fazendas  situadas  na  margem  da  lagoa, ou  seja, nas  fazendas  "Barra", "Ponta", "Largo", "Estreito"  e  "Córrego".  Assim  é  que  as  famílias  BELARMINO, VALENTIM, CRISTINO (Família Ceará) "CIPRIANO"  e  "BASÍLIO"  tem origem  em  escravos  vinculados  à  família, num  acentuado  processo  de  afeição  e  consideração  recíprocos  que  perdura  até  os  dias  atuais.
    Na  fazenda  "Largo"  tem  origem  a  família  conhecida  como  sendo " FAMÍLIA  DOS  CEARÁ", cujos  documentos  oficiais  revelam  que  da  escrava JOANA  FRANKLINA DE  OLIVEIRA,nascida  em  1851,  pertencente  ao  espólio  do  Capitão  Sebastião  Celino  de  Oliveira  Pinto (Pai  de Claudina  Pinto  e  do  Coronel João  Jázimo  Pinto) nasceu  em  1879  o  ANTONIO  CRISTINO  DE  OLIVEIRA, vulgo  Antonio  Ceará, que  por  sua  vez  é  pai  de  DECA  CEARÁ.  Dado  a  desenvoltura  do  Antonio Ceará   no  trato  com a  terra  e  a  gadaria, logo  conquistou  a  simpatia  do  Coronel  João  Jázimo, que  o  colocou  como  administrador  e  vaqueiro  de  suas  fazendas.  DECA  CEARÁ  casou  com  a  gentil senhorita  Francisca  Valentim de  Oliveira, filha  de  Pedro  Valentim de  Oliveira, ex-escravo, nascido  no  ano  de  1860, e de  Maria  Alexandrina  da  Conceição.  PEDRO  VALENTIM  era  filho  natural  da  escrava  HERCULANA  JANUÁRIA  DO  ESPÍRITO  SANTO, nascida  em  1846, que  por  sua  vez  era  filha  da  escrava  THEREZA  MARIA  DO  E. SANTO,  pertencente  ao  casal  Antonio  da  Costa  Monteiro  e  Ana  Quitéria  do  E. Santo.
      Da  escrava  HERCULANA   tem origem  a  FAMÍLIA  DOS  VALENTIM, pelo  relacionamento  amoroso  da  mesma com  o  abastado  comerciante  JOSÉ  VALENTIM DE  OLIVEIRA.  Herculana  faleceu  no  sítio  "Mirador"  a  05  de Agosto  de  1906, aos  60  anos  de  idade, deixando  os  filhos:  PEDRO  VALENTIM DE  OLIVEIRA (Nascido  em  1860); CLEMENTINA  MARIA  DA  CONCEIÇÃO (Nasceu  em  1878); MANOEL  VALENTIM  DE  OLIVEIRA (Nascido  em  1879); MARIA  MARCELINA DA  CONCEIÇÃO (Nasceu  em  1881) e JOSÉ  VALENTIM  DE  OLIVEIRA (Nasceu  em  1880. Repete o nome do pai). FONTE: Livro  de Óbitos  do  1º Cartório - 1906-1011 - fls. 15/v.  Um  filho de  Pedro  Valentim de  Oliveira, de  nome  CASSIMIRO  VALENTIM  DE  OLIVEIRA (Pai de Ló, Lucas, Boioiô, Sebastiana  de  João de  Toinho, Maria  de  Tomaz  Tito e  outros)  mantinha  estreita  relação  de  amizade  com  o  meu  avô  Aristides  Pinto, de  quem  foi  administrador  e  vaqueiro  das  fazendas  "Quadra", "Pequé"  e  "Canto de  Varas".


Por Marcos Pinto - HISTORIADOR APODIENSE.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DAS FAMÍLIAS APODIENSES AFRODESCENDENTES (I).

O  roteiro  bibliográfico  potiguar  atinente  ao  capítulo  da  HISTÓRIA  DA  ESCRAVIDÃO  NEGRA, e  em  especial  em terras  apodienses, revela  uma realidade  lacunosa, com  veementes  índícios  de  desdém  emoldurado  em  laivos  de  arraigado  e  insano  racismo.  Todavia, há  um  manancial  em  documentos  oficiais  existentes  nos  arquivos  cartoriais  e  livros  de  Assentos  de  Batizados  da  Igreja-Matriz, que  subsidiarão  os  poucos  e  abnegados  pesquisadores  que  venham  a  enveredar  por  esse  dolente  e  merencórico  capítulo da  história  do  sofrido  escravo  africano  em  nosso  estado.  Não  podemos  deixar  entregue  ao  esquecimento  a  história  desta  gente sofrida  que  veio  habitar  entre  nós, mesmo  que  de  forma  coercitiva, forçosa, mas  que  com  o  passar  do  tempo  adaptaram-se  e  fincaram  suas  raízes  neste  chão, caldeando  o  indômito  e  vigoroso  sangue  africano  com  o  de  índios  e  do  elemento  branco  colonizador.  Urge  o  tempo,  e  os  documentos  oficiais  que  retratam  de  forma  fidedigna  a  história  desta  brava  gente  está  se deteriorando   dia-á-dia, dominados  pelas  intempéries  e  pelo  assédio  de  cupins, insetos  e  ratos.  O  processo do  tempo  é  uma trama de  efeitos  e  causas, de  sorte  que  ainda  restam uns  poucos  abnegados  na  seara  deste  incompreendido  trabalho  empreendido  para  rasgar  a  cortina da  indiferença  dos  que  deveriam  lutar  pela  preservação  da  história.
No que  diz  respeito  aos  estudiosos  da  escravidão  negra  na  região  Oeste  potiguar, merece  relevo  as  celebradas  publicações  intituladas  "OS  ESCRAVOS  NA  HISTÓRIA  DE  MOSSORÓ", de  autoria de Nancy  Neyza  Wanderley  de  Oliveira  e  Sebastião  Vasconcelos  dos  Santos, editada  pela  Coleção  Mossoroense - Volume  CLXXI - ano  1981, e  a  não  menos  renomada  obra  "ESCRAVOS  DA  RIBEIRA  DO  APODI  SOB  A  ÓTICA  DOS  INVENTÁRIOS", de  autoria  da  Professora  Dra. Maria  Goretti  Medeiros, editada  pela  Coleção  Mossoroense - Vol. 844 - 1995.  Nestas  publicações, encontramos  fartas  referências  aos  escravos  de  Apodi, desde  a  parte  de  inventários, até  o  contexto da  venda  destes  para  a  praça  de  Mossoró, durante  o famigerado período  do  TRÁFICO  NEGREIRO  INTERPROVINCIAL.  Quando  o  Prof. JOAQUIM  MANOEL  CARNEIRO DA  CUNHA  BELTRÃO  aportou  em  Apodi  no  ano  de  1843,oriundo  de  Tracunhaém-PE, para  lecionar  na  escola  de primeiras  letras  na então  Vila, já trazia  consigo  escravos  para  fazer-lhes  companhia  e  prestarem  seus  serviços.  Ao  casar  em  Apodi  com a  Srita. MARIA  ANGÉLICA  BEZERRA  CAVALCANTI ,no ano  de  1845, a mesma  trouxe  consigo  a  escrava  Inocência Constância, nascida  em  1828, e que  pertencera  ao  seu  genitor  Domingos  Alves  Ferreira  Cavalcanti.  De  Inocência  nasceu  a  escravinha  SABINA  no  ano  de  1852. Como era  costumeiro  a  adoção  do  sobrenome  familiar  dos  seus  senhores, a  escravinha  passou  a  ser  conhecida como  SABINA  CONSTÂNCIA  BELTRÃO.  Desta  magnânima  SABINA  nasceu  LÚCIO, patriarca  da  laboriosa  e  honrada  família  apodiense  conhecida  como  "FAMÍLIA  DOS  LÚCIO".  Vejamos  a  íntegra  do  assento  do  registro  de  batizado  de  Lúcio, cujo  nome  civil  em  adulto  passou  a  ser  LÚCIO  AGOSTINHO DA  SILVA: Batizado  nº 1.349, fls. 102:  - LÚCIO, filho  natural  de  Sabina, escrava  de  Joaquim  Manoel  Carneiro  da  Cunha  Beltrão, nasceu aos quinze  de  Abril  de  mil  oitocentos  e  setenta  e  hum, foi  batizado por  mim solenemente  na  dita  Matriz  aos  vinte  e  três  do dito mês  e ano, foram padrinhos  Pedro  Alexandrino Gomes  Tavares e  Cândida  Generosa  de Góis  Nogueira, solteiros; do  que  para  constar  fiz este  termo  que  assino,  O  Vigário Antonio Dias  da  Cunha. (FONTE: Livro de Registro  de  Batizados  da  Igreja-Matriz  da  Paróquia  de  Apodi,fls. 102  - 1868-1875).
casarão senhorial  pertencente a
JOAQUIM MANOEL CARNEIRO DA CUNHA BELTRÃO
 Pela  sua  desenvoltura, sêo  Lúcio  chegou  a  exercer  a  função  de  Oficial  de  Justiça, tendo  casado  com  Petronila  Gomes da  Silva (Pichau) e  deram  origem a  numerosa  prole, composta  por  laboriosos  homens  e  mulheres  que  enriquecem a  geografia  humana  de  Apodi: FRANCISCA  PETRONILA  DA  SILVA; MARIA  NAZARÉ  DA  SILVA (Nem); RAIMUNDA  PETRONILA  DA  SILVA (Neguinha) casada  com  Manoel  Alves  de  Lima (Manoel  Gogó); MARIA  JOSÉ  DA  SILVA; JOANA  PETRONILA  DA  SILVA; ANTONIA PETRONILA  DA SILVA (Antonia  Lúcio); PEDRO  LÚCIO  DA  SILVA, casado com Joana,irmã de Birim de  Jacó, e que são os pais do saudoso FUXICO; RAIMUNDO LÚCIO DA  SILVA,conhecido  popularmente como  "Doutor  Nêgo", casado com Ana  de  Góis; SEBASTIÃO  LÚCIO  DA  SILVA (Tião  Lúcio dos Correios  e  Telégrafos) casado  com  Eugênia  Pereira, filha  de  Anastácio  Pereira; FRANCISCO  LÚCIO DA  SILVA, casado com  Raimunda, da  cidade  de  Martins-RN; ANTONIO  LÚCIO  DA  SILVA,(Toinho) casado com  Martinha, filha de  José  Lopes, do  sítio  Trapiá, sendo  certo  que Toinho  Lúcio/Martinha  são  os pais  de  João  de  Toinha, casado  com  Sebastiana  e  que  são pais de  Chico  Cabeção  e  Batista  e  Socorrinha; JOSÉ  LÚCIO  DA  SILVA  (Dedé)  que  casou  com  Maria  Tenório, filha de  Domingos  Tenório; JOÃO  LÚCIO  DA  SILVA, que  casou  com  Liduína, natural  da  Bolívia, sendo  certo que  João  foi  embora  para  a  Bolívia  e  nunca  mais  deu  notícias; JOÃO  AGOSTINHO  DA  SILVA (Solteiro).  
COM O LENÇO SOBRE A CABEÇA: A COZINHEIRA OFICIAL
 DA PARÓQUIA DO APODI DURANTE MAIS DE 30 ANOS -
 A SOLTEIRONA "NEM DE LÚCIO FOGUETEIRO"
,CUJO NOME CIVIL ERA MARIA NAZARÉ DA SILVA,
NASCIDA A (21.12.1918) E FALECIDA NO ANO DE (2007).
 "NEM" ERA FILHA LEGITIMA DE
LÚCIO AGOSTINHO DA SILVA E DE PICHAU
 (CASAL TRONCO DA FAMÍLIA DOS "LÚCIOS"). 
 Há  uma  curiosidade  de  identidade  de  cunho  afrodescendente  pelos  casamentos  de  dois  de  seus  filhos  com  descendentes  de  escravos: RAIMUNDA  LÚCIO  casou  com Manoel  Gogó, que  era  filho  de  Raimunda  Maria da  Conceição (Casada  com  Jovino  Gogó -Jovino  Braz de Lima), que por sua vez era filha do ex-escravo Belarmino  Gomes da  Costa, tronco  dos  "Belarmino".  PEDRO  LÚCIO  casou  com  JOANA  FELÍCIO, filha  do  ex-escravo  JACÓ  FELÍCIO  DE  OLIVEIRA, escravo  que  foi  de  Francisco da  Costa  Morais.   No próximo  artigo  faremos  abordagens  históricas  sobre  as  famílias  afrodescendentes  VALENTIM, BASÍLIO,BELARMINO,GAVIÃO,CEARÁ,AVELINO e  SIMÃO.



Por Marcos Pinto - HISTORIADOR APODIENSE.