25 de março de 1986-EUA voltam a bombardear alvos Líbios
Aviões e navios da 6ª Frota americana atacaram mais três lanchas-patrulhas da Líbia e, pela segunda vez em dois dias, a base de lançamentos de mísseis na cidade de Sidra. Segundo o Governo americano, a investida foi uma represária ao disparo de seis mísseis Sam-5 contra caças f-14 da 6ª Frota no dia. A Líbia ordenou o estado de alerta em todo país e ameaçou transformar o Mediterrâneo "em um mar de sangue", para dar aos Estados Unidos uma lição pior do que a do Vietnam.
O então secretário de defesa americano Caspar Weinberger advertiu sobre o prosseguimento das manobras aeronáuticas no Golfo de Sidra, uma vez que a 6ª Frota exercia direito de navegar em águas internacionais. Muamar Kadhafi, contudo, alegou o pertencimento do Golfo à área de águas territoriais líbias, inflamando ainda mais o conflito. A maior parte dos países da Europa deu apoio cauteloso aos Estados Unidos, sem defender de forma direta a ação americana, mas rechaçando a soberania sobre o Golfo de Sidra, reivindicada por Kadhafi. Contudo, o líder libiano também angariou forte defensores.
A queda de braço EUA x Líbia era travada em plena reverberação do debate sobre a questão da Nicarágua e a disputa entre sandinistas e contra-revolucionários. E o Governo Reagan optava por um confronto direto com Kadhafi, considerado o déspota do norte da África e um dos maiores padrinhos do terrorismo internacional. A opinião mundial, a respeito de Kadhafi, há muito estava formada, e não lhe era favorável. Mas a agressão americana foi como um caminhar para trás. A resposta americana abriu margem para novos argumentos para legitimar a iniciativa de Kadafi.
Se o terrorismo do governante líbio era um desafio à pacificação mundial, a atitude de Ronald Reagan não tinha menor proporção. O alcance do bombardeio de Trípoli sobre o futuro do terrorismo ainda era uma incógnita. Mas o poderio militar americano, lançando-se num combate ao desamparo das leis internacionais e dos próprios estatutos das alianças militares, já causava calafrios na comunidade internacional. A investida norte-americana na capital de um país acolhedor e patrocinador do terrorismo abria precedentes para que qualquer presidente, ao ver-se atingido por crimes de terror, se sentisse no direito ou obrigação de bombardear capitais pelo mundo afora.
No mês seguinte, a investida americana contra a Líbia teria índices ainda mais alarmantes. Mas esta história estaria longe do fim. E, pelo visto, ainda está.
Fonte:http://carlitolimablog.blogspot.com/
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