segunda-feira, 5 de setembro de 2011

SUBSÍDIOS PARA A HISTÓRIA DA PARÓQUIA DE APODI - A CONSTRUÇÃO E AS RESTAURAÇÕES DA IGREJA-MATRIZ. (I).


   
          A  história  deriva  de  fatos  protagonizados  por  pessoas  que, com seus empenhos  e  denodos, amalgamaram seus nomes  na  origem de lugares  territoriais, formando  o  elenco  histórico  da  toponímia. Surge  daí  o  curso para  a  evolução  urbanística
com a  implantação da  célula-mater, representada  pela  edificação  da  capela, com  a cruz  no  frontispício  a  emblematizar  no  espírito
do  colonizador/ povoador  o  elo  intrínseco  com o  poder  temporal  da  fé. 
                        Apodi  é  uma das  remotas  povoações  que  guardam  no perfil  urbanístico  as  linhas  clássicas  do  tipo de povoação
portuguesa.  Do  quadrilátero  central, conhecido  como sendo o  antigo "QUADRO DA RUA",  se  esgalharam  as  ruas  novas,becos  e saídas, que o desenvolvimento  posterior  veio  a  exigir, como  característica  predominante.  Esse  "Quadro da Rua"  tinha, invariavel-
mente, um  centro  constituído  pela  Igreja  do  padroeiro/ padroeira, completado  em muitos  casos  por  uma saída  pública.  O traço 
cultural  português  da  edificação  em  praça  dominada  pela  igreja, encontra  ainda  permanência  impressionante.  A  praça  ou   o
largo da  matriz  existe  infalivelmente  como  principal  logradouro  nas  cidades  e  vilas  do  interior.  A  igreja-matriz  preside o nasci-
mento da  cidade, e  em  torno  dela  se  processa  o desenvolvimento  da  povoação.  "As povoações  começam  pela  igreja" (Pedro Calmon).
                         Nesse  contexto  histórico, transmite-nos  a  tradição  oral  que  no  ano  de  1740  o  Missionário  Capuchinho  FREI  FIDÉLIS  DE  PADAVOLI  aportou  em  Apodi, onde  construiu  uma  rústica  capela  de  madeira  e  barro, conhecida  como construção feita em  taipa.  Este  tipo  rudimentar  de  construção  é  feita  com  o  arcabouço  do teto  armado com o  emprego  de  madeiras  nativas  de  
larga  durabilidade, sendo  utilizadas  as  mais  conhecidas,  como  Aroeira, Pereiro, Pau  branco  e  pau-ferro.  As  paredes  eram  feitas
com  varas  trançadas  entre  sí  e  amarradas  umas  as  outras  com o  emprego  de  imbiras  de  couro  ou  mesmo  com  palhas  da
carnaubeira.O teto  era  coberto com palhas  da  carnaubeira  ou  de  buriti. Os  intervalos  entre  as  varas  eram  preenchidas  com  massa  compacta  feita  com  barro  umedecido, o que  o  tornava
aderente  e  compacto.  Antes  da  massa  de  argila  secar, era  feito o  seu  alisamento  com  um pedaço  de  tábua, tornando-a   uma
superfície  plana, o que  possibilitava  a  pintura  feita  com  a  cal, revelando  uma  brancura  que  combinava  com a  mansuetude  celestial  da  fé.

                      Por volta do ano de  1760  chegava  ao  Apodi  o  religioso  capuchinho  FREI  ÂNGELO, em  peregrinação. De  imediato,envidou  por  inolvidáveis  esforços, adotando  providências  que  culminaram  com  a  edificação  da  primeira  Igreja-Matriz,
feita  totalmente  em   alvenaria, ou seja, com  o  emprego  de  tijolos  e  telhas.  Como  os recursos  arrecadados  pelo  Frei  Ângelo  não  foram  suficientes   para  a  edificação  de  um  majestoso  templo, construiu-se  uma  igreja  com  modestas  características,simples, de tamanho  que  dava  um  certo  destaque  arquitetônico  na  surgente  aldeiazinha, tranquila, de  aparência  bucólica, perfeitamente  integrada  ao  esplendor  da  natureza  que  a  cercava.  Essa  modesta  igreja  passou  à  condição  de  Igreja-Matriz  com  a  criação  da  Freguesia  Eclesiástica (Paróquia), em  03  de  Fevereiro de  1766, recebendo  a  denominação  de  IGREJA-MATRIZ  DA  POVOAÇÃO  DAS  VÁRZEAS  DO  APODI.  A  criação  da  paróquia  só  tornou-se  realidade  graças  aos  esforços  do venerando  padre  JOÃO DA  CUNHA  PAIVA, que  se  encontrava  pregando  na  região  desde  o  ano  de  1760, tendo sido  o  primeiro padre  da  paróquia  de  Apodi, desmembrada  da  de  Pau  dos  Ferros.  A  paróquia  nasceu  com a  particularidade  de  ter  dois  padroeiros:  São  João  Batista  e  Nossa  Senhora  da  Conceição, cujas  imagens  e  ricos  ornamentos  vieram de  Portugal.  O  português  ANTONIO  DA  MOTA  RIBEIRO  foi  o  primeiro  procurador  da  Igreja-Matriz  de  Apodi. Era  casado  com  JOSEPHA  FERREIRA DE  ARAÚJO, neta  materna  do  fundador  de  Apodi  MANOEL  NOGUEIRA  FERREIRA.  Antonio  da  Mota  exerceu  grande  influência  na  criação da  paróquia.  De  1766  a  1842  a  ribeira  de  Mossoró  pertencia, no  plano  espiritual, à  paróquia de  Apodi.
                     Conforme  relato  histórico  do   primeiro  historiador  Apodiense  MANOEL  ANTONIO DE  OLIVEIRA  CORIOLANO, no  dia  02  de  Fevereiro  de  1784  a  Igreja-Matriz  de  Apodi  desabou  sobre  as  campas, devido  às  rachaduras  que  surgiram  no corpo da  Igreja, com  um  estrondo  que  foi  ouvido  em   Portalegre, situada  a  60  quilômetros  de  distância. É  possível  que  tenha  havido  exagero  nesta  afirmativa  do  dinâmico  e  profícuo  historiador.  Partindo dessa  informação, depreende-se  que  a  Igreja-Matriz  foi  novamente  edificada  neste  ano. (FONTE: Vide  livro  "FLAGRANTES  DAS  VÁRZEAS  DO  APODI" - Livro VII - Coleção  Mossoroense -
Série  C -  Volume  DCXXXVI  -  ano  1991).
Por Marcos Pinto.

Um comentário:

Marcos pinto disse...

O historiador Apodiense JOSÉ LEITE é o autor dos 08 livros intitulados "FLAGRANTES DAS VÁRZEAS DO APODI".