segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

SAIBA MAIS SOBRE AS SECAS NO NORDESTE




As maiores secas da história

1877
Calcula-se que 500 mil pessoas morreram nesse ano por causa da seca. O Estado mais atingido foi Ceará. O imperador dom Pedro II foi ao Nordeste e prometeu vender "até a última jóia da Coroa" para amenizar o sofrimento dos súditos da região. Não vendeu.
1915
A intensidade da estiagem levou o governo a reestruturar o Instituto de Obras Contra as Secas (Iocs), que passou a construir açudes de grande porte. Até então, o Iocs se concentrava em perfuração de poços, confecção de mapas e abertura de estradas.
1934/36
Considerada a maior seca de todos os tempos até o início dos anos 80. A estiagem se estendeu pelos nove Estados nordestinos e chegou a Minas Gerais. A partir dela as secas do sertão do Nordeste passaram a ser encaradas como flagelos nacionais.
1979/85
A mais longa e avassaladora seca deste século foi marcada por uma onda de saques que chegou ao auge em 1981. Diante da situação, o presidente João Figueiredo declarou que só restava rezar para chover. Não deu certo. A seca e o governo acabaram juntos.
1997/99
Os sinais mais graves da estiagem começaram a ser sentidos em outubro do ano passado. Desta vez, um fenômeno social tornou-se marcante na briga para resistir ao flagelo ambiental: os saques em mercados, feiras e prefeituras das cidades sertanejas.
2001
O Rio São Francisco agonizou com a maior seca da sua história. Somado ao assoreamento, a seca reduziu drasticamente o volume de suas águas. A barragem de Sobradinho, a mais importante da região NE, atingiu os níveis mais baixos de sua história. A água no local em 1º de novembro de 2001 estava a 6,3% da capacidade, que é de 34 bilhões de metros cúbicos.


O drama sertanejo atiçou a criatividade de escritores e cineastas

A fome que mata nas secas do Nordeste alimenta a arte. Aos 20 anos de idade, a cearense Rachel de Queiroz escreveu o clássico O Quinze. Falava de uma seca da qual não se lembra, a de 1915, quando ainda não completara 5 anos. Retomou um tema tratado antes por Domingos Olimpio em Luzia Homem. Deu-lhe uma dimensão social pouco explorada pela vertente naturalista que prevaleceu na literatura brasileira no início do século. "Quis fazer uma seca light: menos defunto, carcaça de boi, urubus", disse a escritora em 1991.

Em 1938, recém-saído da prisão do Estado Novo, o alagoano Graciliano Ramos publicou a obra-prima Vidas Secas. Mirando-se nesse livro, o paulista Cândido Portinari deu feições à saga do retirante Fabiano e da cadela Baleia. Vidas Secas também forneceu a Nelson Pereira dos Santos o argumento de seu primeiro grande filme. Pereira dos Santos foi precursor do Cinema Novo, movimento que nasceu com o baiano Glauber Rocha. A seca foi um freqüente cenário de Glauber. Na poesia, a seca ganhou seu espelho mais fiel nos versos ásperos do pernambucano João Cabral de Melo Neto.

Na Morte Dos Rios

Desde que no Alto Sertão um rio seca,/
o homem ocupa logo
a múmia esgotada:/
com bocas de homem, para beber as poças/
que o rio esquece,
e até a mínima água

João Cabral de Melo Neto

Origem: Revista Época



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