terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

PEDRO NORONHA - UM DESBRAVADOR APODIENSE NA FLORESTA AMAZÔNICA.(I).

    O município  de  Apodi  tem  seu  nome  registrado  em  referenciais  históricos  de  longínquos  rincões  deste  país, através  de  seus  filhos,  que  procuraram novos  horizontes  em  outras  plagas.  Com  suas  abnegadas  e  indômitas  participações,  fundaram  vilas  e  cidades, rasgando  matas  virgens  e  deixando  suas  pegadas  nos  fastos  do  progresso.  Dentre  cidades  fundadas  por  Apodienses, destacam-se  JATI , no  estado  do  Ceará,  fundada  por  Antonio  Moura, seu  filho  Antonio da  Cunha  Moura  e  Anastácio  de  Moura, e  a  cidade  DIANÓPOLIS, do  Estado  do  Tocantins, do  antigo  estado  de  Goiás, fundada  pelo  destemido  Francisco  Liberato da  Silva  Costa, em  1890. Tangidos  pelas  secas  inclementes, geralmente  tinham  a  floresta  amazônica  como  destino  de  suas  profícuas  labutas.  Dentre  estes  indômitos  heróis  esquecidos, sobressai-se  a  figura  sertaneja  de  fibra  e  arrojo  de  um  PEDRO  JOSÉ  DE  NORONHA.  Nasceu  em  Apodi  a  29 de  Abril  de  1896, filho  legítimo  de  José  Umbelino de  Noronha  e  de  Alexandrina Gomes  Pinto; Neto  paterno  de  Sebastião Gomes  de  Oliveira (Tatão Paulino) e  de  Francisca  Gomes  de  Oliveira. Neto  materno  de  Alexandre  Ferreira  Pinto  e  de  Maria  Gomes da  Assunção. Casou  com  ISABEL  SOFIA  PINTO, filha  de  Vicente  Gomes  Ferreira  Pinto (Vicente  Xandú)  e  de  Maria  Belisa  da  Silva  Filha (Marica).  A  veneranda  Sra. Lindalva  Noronha,  (Filha de Pedro Noronha) fez  um  trabalho  de  importante  cunho  histórico-familiar  sobre  a  saga  de  seu  pai, intitulado  "Datas  Inesquecíveis", do  qual  transcrevo  os  seguintes  trechos:
   “por volta de 1944, uma companhia americana em comum acordo com o governo brasileiro, passou a transportar para o Amazonas, qualquer pessoa que quisesse trabalhar na extração da borracha”. Pedro Noronha, seus filhos José e Vicente e seu genro Lucas, embarcaram para o Amazonas, deixando suas famílias chorando de dor e saudades.

Pedro Noronha aos 90 anos


O Nordestino é acima de tudo um forte, um guerreiro! A viagem de navio era longa e penosa.
Chegando a Manaus, foram apresentados a um “certo patrão” – Rui Ascensão que logo providenciou para que eles embarcassem num outro navio que os levaria a um Seringal às margens do rio Purus. Com eles também iam muitos outros nordestinos e até alguns parentes.
Seu Rui percebeu logo o caráter e a disposição daqueles homens mandou que Pedro Noronha e os demais fossem trabalhar numa “colocação” de nome Igualdade às margens do Rio Purus.
Pedro José de Noronha, descendente de uma família nobre do RN casado com sua prima Izabel Sofia (F) Pinto (Mimosa). Izabel e Antonia (mãe de Palmira) eram filhas de Vicente Gomes Ferreira Pinto e Maria Belisa da Silva Filha (Marica). Pedro Noronha e Izabel foram pais de doze filhos. Dois deles morreram logo, ficando apenas dez, sendo seis homens:
José (Dé)
  Vicente (futuro administrador do Seringal)
  Sebastião (o Noroinha)
  Pedro (o Totó)
  Francisco (o Chiquito)
  Geraldo (o Bial)
  E quatro mulheres:
Isabel Sofia e Pedro Noronha

   Maria (a 1ª filha já casada com Lucas de Tatão Paulino e com duas filhas e grávida pela 3ª vez)
  Amélia (casou com Sebastião de Freitas)
  Izabel (casou com João Basílio)
  Lindalva (casou com Jacinto)
Na tal colocação denominada Igualdade, só havia até então um velho barracão coberto de palha, suspenso do chão e até as paredes, eram de palhas. A panela onde cozinhavam o feijão, o peixe, a caça era pendurada numa corda e o fogo de lenha embaixo".


O barracão velho e o novo
O  seringal  "Igualdade" situava-se  às  margens  do  rio  Purus, e  pertencia  ao  município  de  Labre, no  estado  do  Amazonas. Na  margem  direita  do  rio  era  o  lado  agrícola,onde  havia  moinho  para  prensar  a  cana  e daí  todo  o  processo  para  obter  os  derivados  da  cana:  garapa, açúcar  preto,rapadura,batida, alfenim, álcool, e  a  cachaça  que  tinha  o  nome  de  "Me  solte".  Nesta  particularidade  do  nome  da  aguardente  entra  o  apodiense  FRANCISCO  PAULO  FREIRE (Sêo  Chico  Paulo). Por  volta  do  ano  de  1949  o  mesmo  esteve  trabalhando  no  seringal  "Igualdade", onde  amealhou  considerável  recurso  econômico, o  que  proporcionou  o  seu  retorno  à  Apodi, tendo  comprado  muitos  bens  imóveis, dentre  eles  a  fazenda  "Salgado".  Nesta  fazenda, sêo  Chico  Paulo  fez  um  resgate  histórico  de  sua  estadia  no  Amazonas, tendo  instalado  um  alambique, produzindo  uma  saborosa  aguardente  à  qual  deu  o  nome  de  "ME  SOLTE".
Pedro Noronha e os seringueiros

Ainda  sobre o  seringal  "Igualdade" -  A  maioria  dos  seringueiros  eram  Apodienses  recrutadas  por  Pedro  Noronha, de preferência  parentes  das  famílias  PAULINO  e  PINTO, radicadas  no  sítio  "Melancias".  Na  margem  onde  ficavam  as  casas  havia  muita  árvores  frutíferas. Desse  modo, havia  a  criação  de  bovinos,caprinos,ovinos,suínos,galináceos  de  muitas  espécies. Alguns homens  ainda caçavam  e  a  caça  era  farta. Pescava-se  de  rede, de  arpão  e  de  anzol  no  rio  e  nos  igarapés.  O  pirarucu  era  muito  apreciado.

Lindalva Noronha
 (Escrito  por  Marcos  Pinto  e  Lindalva  Noronha). 

Um comentário:

Anônimo disse...

Artigo muito interessante, sou sobrinha neta da Tia Mimosa ( sou neta de Francisca irmã ed Isabel). Foi muito bom ler o artigo, ouvi tantas vezes minha avó e minha mãe falarem sobre Pedro Noronha, e tambem ouvi muito Chiquinho e Alaide (que moraram em Igualdade) falarem sobre a vida no Amazonas. Parabens e muito importante fazer memoria!

Iracema (filha de Raimunda Pinto) moro em Fortaleza.