Brasão Holandês no RN |
A possibilidade de os holandeses terem pisado as terras Apodienses encontra arrimo em brilhante trabalho enriquecido de farta documentação, do nosso ilustre historiador potiguar JOSÉ MOREIRA BRANDÃO CASTELO BRANCO, que foi um incansável pesquisador de nossas fontes históricas. Citando JOHANES LAET, um dos intérpretes do roteiro dos holandeses no Rio Grande do Norte, acentua:
"Por volta de 1636, um dos Chefes indígenas afirmava que seus domínios se estendia pelas águas de cinco rios, que ele referia, indicando a posição e a distância de cada um deles. O Morubixaba CARACARÁ, irmão do Rei JANDOVI (Janduí) pela boca do intérprete PARAPOAVA, informava que suas terras se espalhavam pelo interior, a partir do Rio Grande, por cinco rios, confirmando notícia anterior, assim discriminados: 1) WARAUGI dos tupis ou OCIUNON dos tapuias; 2) QUOAOUGUN; 3) OCIORO; 4) IWYPANIM , na língua dos tapuias UPANEMA; 5) WOROIGUH. Esses rios eram grandes e distavam o primeiro, do Rio Grande, cinco dias de viagem; o segundo, do primeiro, um dia; o terceiro do segundo, dois dias; o quarto do terceiro, dois dias e o quinto meio dia além do quarto. As distâncias indicadas pelo cacique, assim determinam: Cinco dias do rio POTENGÍ às nascentes do Rio Salgado ou do PATACHOCA, que ficam próximas uma da outra e na vertente ocidental da serra de Santana, viagem normal para índios, como frisa o Tuchaua, sem mulheres. do 2° ao 3° apenas um dia de trajeto, corresponde perfeitamente à distância do rio Salgado ao Patachoca, na primeira hipótese, ou deste ao Carahú, na segunda. Daí a PIRANHAS não é extemporânea a estimativa de 2 dias feita pelo chefe tapuia, que também calculava em igual tempo a jornada para alcançar o Vale do Upanema, e mais meio dia para atingir-se o WOROIGUH, que só pode ser o atual APODI ou MOSSORÓ, uma vez que a travessia era feita pelo sertão e não pelo litoral. Como se depreende, já neste ano de 1636 este cacique já fazia o trajeto do rio Apodi até o Rio Grande, que era o POTENGÍ, em Natal.
Em 03 de Outubro de 1645 houve o massacre de Uruaçu, pelos índios tapuias comandados por JACOB RABI, tendo entre as vítimas a pessoa de João Lostão Navarro, sogro do holandês Tenente-Coronel JORIS GARSTMAN. Este, em vingança, na madrugada do dia 05 de Abril de 1646, mandou dois soldados assassinarem o JACOB RABI, consumando,assim, a vindita.
Em 653/1654 este Tenente-Coronel JORIS GARSTMAN esteve comandando o Forte de São Sebastião, no Ceará,tendo entregue o mesmo a 20.05.1654 para seguir em 1º de Julho para as Antilhas, tendo morrido de morte natural na Martinica, segundo o renomado historiador potiguar HÉLIO GALVÃO em seu livro "HISTÓRIA DA FORTALEZA DA BARRA DO RIO GRANDE". Teria o indômito MATIAS NOGUEIRA, que com seus filhos fundou o Apodi, mantido relações de amizade com este holandês quando o mesmo se encontrava comandando o Forte no Ceará? O mesmo Hélio Galvão mostra que o mesmo deixou um filho em Natal, de nome TEODÓSIO DE GRACISMAN, que casou em Natal com Paula Barbosa.
Há um fato notório que dá ênfase a uma possível relação de amizade íntima entre os NOGUEIRA, fundadores do Apodi, especialmente a fundadora ANTONIA DE FREITAS NOGUEIRA,com filhos e netos do Holandês JORIS GARSTMAN. No período de 1695 a 1706 ela residiu nas imediações de Natal, acompanhando seu esposo Manoel de Carvalho Tinoco, que servia na " Fortaleza da Barra do Rio Grande" como Capitão de Ordenanças. Dona ANTONIA DE FREITAS batizou uma sua filha de nome FLORINDA na Capela de Santo Antonio do Potengi a 11.05.1706, tendo como padrinhos o Tenente-Coronel TEODÓSIO DE GRACISMAN e sua esposa Paula Barbosa. A relação do compadrio constitui um vínculo de profundos laços de amizade. Teria o holandês, pai de Teodósio, informado ao filho sobre as terras do Apodi, que por sua vez informou aos NOGUEIRA em 1680? Há que se fazer uma leitura acurada da memória escrita por JACOB RABI e por este presenteada ao Maurício de Nassau. Será que há alguma citação aos índios do lugar PODY ? Averiguemos, pois.
Marcos Pinto - HISTORIADOR APODIENSE.
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