CORONEL LUCAS PINTO |
"Luquinha de Dodô ou simplesmente Luquinha, o Lucas Pinto, foi uma das grandes personalidades apodienses nos tempos passados, formado na escola de seu irmão Coronel Chico Pinto. Dele recebeu todo o incentivo necessário para suceder-lhe na direção da herança partidária de Ferreira Pinto e de João Jázimo de Oliveira Pinto, tarefa que se desincumbiu com muita eficiência e galhardia.
O Luquinha, descendente de uma família pobre, trabalhou "no pesado" e, em 1919, ano de seca calamitosa, foi "tirador de macambira", chegando a colher 60 dúzias de cabeças dessa planta, em um dia de trabalho, uma quantidade fantástica, que pouquíssimas pessoas conseguiam alcançar e que lhe valeu o título de maior tirador de macambira, na sua época.
O velho Lucas Pinto chegou também ao comércio local e das vizinhanças por longos anos e a fortuna que conseguiu nas atividades comerciais e industriais lhe possibilitaram conceder crédito a quase todos os agricultores e fazendeiros da região, durante um período superior a quarenta anos.
Na política, o velho Luquinha enfrentou, tal qual seu irmão Francisco Pinto, as maiores batalhas e as mais violentas perseguições, conservando o poder até a sua retirada da política, sucumbido pela avançada e gloriosa idade. Na acirrada fase política que surgiu com o Partido Popular (O Perrepismo), logo depois da revolução de 1930, o Luquinha nunca se assustou com as estrepolias de Benedito Dantas Saldanha, representante no Apodi da Aliança Liberal e do governo estadual, mesmo quando aquele chefe governista o quis obrigar a engolir uma reportagem publicada no jornal "A RAZÃO", jornal perrepista, contrário ao governo da Aliança Liberal, não acontecendo a violência graças à intervenção de Deca Cavaco, outro bravo apodiense.
Lucas Pinto foi o maior sucesso administrativo já experimentado no Apodi quando ele, na sua fase inicial à frente da Prefeitura Municipal, na década de trinta, empossou-se no cargo de Prefeito, no dia 02 de Fevereiro de 1936, realizando, além de outros, os seguintes importantes melhoramentos:
01) Reforma geral com acréscimos no Cemitério Público da sede, sem afetar as suas linhas originais, respeitando até mesmo aquela velha expressão latina que sempre existiu acima do portão de entrada, e que significa: "Conhece-te a ti mesmo".
02) Reforma, com acréscimos, no cerco da cidade;
03) Construção de bem alinhadas calçadas de cimento, em substituição às antigas de tijolos e com alturas e larguras variáveis, embelezando com esse trabalho, as Rua São João Batista e N. Sra. da Conceição, no centro da cidade;
04) Reconstrução e melhoramentos no Mercado Público da sede;
05) Reconstrução com acréscimos e melhoramento no Matadouro Público da sede;
06) Instalação do serviço de iluminação elétrica pública e domiciliar, que era acionado por um locomóvel à vapor.
A segunda fase de Lucas Pinto, à frente da Prefeitura, ocorreu na década de quarenta, tendo ele tomado posse em 19 de Março de 1946.
Luquinha de Dodô, que hoje descansa na Paz de DEUS, merece a nossa admiração."
HISTORIADOR E ESCRITOR APODIENSE JOSÉ LEITE |
NOTA: Entre as diversas produções poéticas de caráter político, produzidas pelo renomado e celebrado historiador conterrâneo JOSÉ LEITE, existe uma que era cantada na melodia da música "Lua Feiticeira", nos tempos do Partido Popular e da Aliança Liberal e que fazia o elogio de Francisco Pinto, assim:
"Pelabuchos, desgraçados, malfazejos,
Vossos maiores desejos,
Era acabar com o nosso Estado.
E, agora, no movimento extremista,
A canalha aliancista
Deixou o banco roubado.
. . . . . . . .
E, agora, devemos honrar,
As cinzas de Francisco Pinto,
Mártir pelo Popular.
. . . . . . . .
Eu te bendigo, glorioso Popular,
Pela paz que queres dar,
Aos lares do Poti.
E bendigo o herói martirizado,
Que morreu assassinado
Pela glória do Apodi.
ESTRIBILHO
E, agora, devemos honrar,
As cinzas de Francisco Pinto,
Mártir pelo Popular.
Do livro "FLAGRANTES DAS VÁRZEAS DO APODI", Autor: JOSÉ LEITE. Coleção Mossoroense - Livro VI - Vol. DCXXXV - Série C - Ano 1991. gentilmente cedido pelo historiador Marcos Pinto.
3 comentários:
O Coronel LUCAS PINTO e JÚLIO MARINHO foram os dois maiores fornecedores da região Oeste Potiguar, de cera de carnaúba para indústrias em Fortaleza. Foram, também, os maiores fornecedores de algodão para a famosa indústria algodoeira ALFREDO FERNANDES em Mossoró. Sêo Luquinha tinha o costume de chamar todos pelo apelido de "Meu Caboclo".
Leitura que em muito subsidiará Pesquisadores e Historiadores da HISTÓRIA POLÍTICA E ADMINISTRATIVA DO APODI nos últimos 80 anos. Sugiro.
O texto do artigo foi extraído do renomado Livro "FLAGRANTES DAS VÁRZEAS DO APODI" - Autor: JOSÉ LEITE Coleção Mossoroense - Livro VI - Série C - Vol. DCXXXV - Ano 1991.
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